... e aqui no Terra dos Espantos continua a haver paciência para a acompanhar!
Ao contrário do que eram as minhas expectativas (ver aqui ) o tema das cigarradas aéreas do P.M. voltou hoje a merecer a atenção da comunicação social e de tutti quanti.
Desta vez, no "Público", a pièce de résistence ficou a cargo do jornalista Luciano Alvarez (um dos autores da notícia inaugural) que trata do assunto numa "Análise" intitulada "A viagem mais desastrada do primeiro-ministro" e onde se destacam afirmações como estas: "... nos dois primeiros dias o grande tema foi o facto de José Sócrates, o ministro Manuel Pinho e alguns membros do gabinete do primeiro-ministro terem violado a Lei do Tabaco no voo de Lisboa para Caracas" ; "Neste último dia também se falou da polémica do tabaco, que acabou por ser a marca mais forte da deslocação, esfumando-se os temas em agenda(...)". Com enquadramento no texto em questão pode ler-se ainda: "Dezenas de acordos económicos apagados por cigarros e por uma máquina de propaganda avariada(...)". Eis a tónica do escrito do senhor Luciano Alvarez que bem pode servir como exemplo de escola do que é risível e deve ser evitado.
Para se avaliar do sucesso ou insucesso de qualquer iniciativa (no caso, a viagem oficial) qualquer pessoa de bom senso julgará, estou certo, que o mais importante é verificar se os objectivos da iniciativa foram ou não alcançados. No caso da viagem à Venezuela, parece que sim e o jornalista nem sequer o põe em dúvida.
Esse não é, no entanto e seguramente, o critério do senhor jornalista, para quem, pelos vistos, o mais importante é um facto (as cigarradas) que, tudo visto e ponderado, não passa de um fait divers.
Devo dizer, no entanto, que a sua posição até é compreensível, de um ponto de vista psicológico: Sendo ele um dos autores da notícia que levantou a celeuma, é natural que, por um questão de "umbiguismo", tenda a valorizar a sua contribuição. Direi mesmo que, com tal notícia e com as reacções que a notícia suscitou, o jornalista teve o seu momentum [vocábulo agora muito em voga (e que aqui fica bem!)] e é humano que pretenda que esse momentum se não desvaneça tão cedo . Se bem que compreensível a atitude do autor, tal circunstância não impede que se termine tirando a conclusão de que a "Análise" do senhor jornalista (atenta a falta de objectividade que a afecta) só não é um grande "desastre", porque tudo é relativo. A importância da pessoa e dos seus escritos é, pelas circunstâncias, muito menor que a importância da pessoa que ele pretendeu atingir, ao longo desta já comprida "estória".
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