quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Ressentimentos que perduram

O actual conflito entre a Rússia e a Geórgia veio demonstrar que o sentimento dos países da União Europeia está longe de ser unânime em relação à Rússia. Assistimos, por um lado, a uma atitude de certa contemporização por parte da maioria dos países, enquanto, por outro lado, os países que se tornaram independentes depois da implosão da URSS (Lituânia, Letónia e Estónia) ou que estiveram debaixo da sua influência (a Polónia) se mostram bem mais empenhados e bem mais críticos em relação ao comportamento de Moscovo no presente conflito, o que prova que perduram os ressentimentos em relação à Rússia que os teve sob a sua dominação, de uma forma ou de outra. Assim se explica que só altos representantes desses Estados se tenham deslocado a Tbilissi, em sinal de solidariedade para com a Geórgia (outro Estado também tornado a independente depois da dissolução da URSS) e daí também a crítica solitária desses países ao plano de paz mediado por Nicolas Sarkozy, presidente em exercício da União Europeia, por considerarem que não garante o direito à integridade territorial da Geórgia.
Diga-se que a atitude dos Russos, quer antes da aceitação do cessar-fogo, quer após essa aceitação não é, de facto, merecedora de grande confiança, pois continua a ocupar e a atacar o território e a população da Geórgia, havendo mesmo informações de vários jornalistas que afirmam terem visto uma coluna militar na estrada de Gori para Tbilissi, a capital da Geórgia.
A Rússia quer, pelos vistos, deixar claro que o seu poder imperial está de volta e que quem lhe fizer frente pagará caro. Desta vez coube à Geórgia pagar a factura da sua própria imprevidência.
A posição tomada por aqueles quatro países da União, põe, uma vez mais, em evidência que a reacção dos países ocidentais, incluindo os Estados Unidos, está seguramente muito abaixo das expectativas da Geórgia que, por alguma razão, tem vindo a insistir pela sua integração na NATO. Não há dúvida que, se essa integração se tivesse já verificado, a Rússia não se arriscaria a proceder com a arrogância de que neste conflito tem dado provas. A aceitação em breve do pedido de integração da Geórgia e da Ucrânia, talvez fosse a forma de os países da NATO, darem uma boa resposta à Rússia imperial que vem a caminho.

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