domingo, 10 de agosto de 2008

Simplismos

Os recentes confrontos na Quinta da Fonte (Loures) são sobretudo resultado de uma política de habitação social que concentra pessoas com grandes níveis de pobreza e não de um problema de convivência entre etnias, afirma o ex-ministro Paulo Pedroso.
A opinião de Paulo Pedroso peca, como tantas outras, por excessivo simplismo.
É verdade que alguns bairros sociais, onde inicialmente foram confinadas pessoas sem grandes meios de subsistência (e não foi inteiramente esse o caso da Quinta da Fonte), se tornaram verdadeiros guetos que favorecem a marginalidade. Parece hoje evidente (pelo menos é o que tenho visto defendido por vários autores) que a integração social das pessoas em situação de pobreza será seguramente facilitada se o seu alojamento for feito, não em bairros separados construídos para o efeito, mas em fogos distribuídos pela malha urbana, por forma a propiciar o convívio com outros sectores da população.
Essa constatação, não significa, todavia, que, no caso concreto, não tenha havido outros factores a desencadear o conflito. Não se pode, com efeito, ignorar que os confrontos se deram entre "cidadãos de etnia cigana", por um lado e "de cidadãos de pele negra", por outro, o que faz transparecer que o caso não foi somente o resultado da política de habitação social (agora por muitos considerada errada). Sem esquecer, convém lembrá-lo, que foram consistentemente feitas alegações de que alguns membros de uma das comunidades (a cigana, precisamente) se dedicariam a actividades marginais (tráfico de droga e de armas), circunstância que, decerto, não facilita uma sã e fácil convivência, seja onde for.
(A imagem foi retirada daqui)

Sem comentários: