A verdade nas comissões parlamentares de inquérito não é como o azeite. De verdade, nunca vem ao de cima. Tal já é sabido pelo menos desde as sucessivas comissões de inquérito dedicadas ao "caso Camarate", que concluíram, consoante a maioria que nelas prevalecia, ora pela tese do "crime", ora pela tese do "acidente".
A Comissão Parlamentar de Inquérito ao negócio PT/TVI não fugiu à regra. De facto, as conclusões do relatório elaborado pelo deputado João Semedo (certamente frustrado porque não conseguiu transformar em conclusões finais as suas antecipadas convicções) também não correspondem à verdade e tal afirmação é não só corroborada pelos deputados (e partidos) que aprovaram o relatório, como pelos que se lhe opuseram. Para os deputados que votaram contra (PS) as conclusões do relatório não encontram suporte na prova produzida na comissão e, para quem assistiu à inquirição dos intervenientes no frustrado negócio ( Zeinal Bava e Henrique Granadeiro, pela PT e Manuel Polanco, pela Prisa), é difícil não lhes dar razão. Mas tal é também confirmado pela posição dos deputados do PSD que, através de declarações várias, deixaram claro que o voto favorável por parte do PSD (indispensável para a aprovação do relatório) se ficou a dever apenas a considerações de oportunidade política. Em vez de optarem pela "suposta verdade" do deputado Pacheco, seu companheiro de partido e o "único iluminado" com a leitura das escutas, os deputados do PSD optaram pela "verdade conveniente".
Registe-se que o fizeram por uma única razão: medo.
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