quinta-feira, 3 de junho de 2010

Presidenciais

Já assumi, em vários escritos, que, embora discordando da excessiva aproximação de Manuel Alegre ao BE, durante a última legislatura, e da ainda maior colagem do Louçã à sua candidatura, irei votar Alegre nas próximas presidenciais. Até porque o candidato tem defendido, quer no discurso de anúncio da candidatura, quer posteriormente, muitas ideias com as quais me identifico e, ultimamente, tem tomado posições que mais reforçam a minha decisão. Nesse sentido, devo dizer que, ontem mesmo,  na entrevista dada à RTP, Alegre teve uma excelente prestação.
A decisão, porém, também tem a ver com as eventuais candidaturas em presença. Passemos, pois, um olhar sobre elas.
Fernando Nobre pode ser uma excelente pessoa, opinião que não contesto, mas é evidente que não tem, nem experiência política, nem parece possível defini-lo politicamente, tantas  e tão variadas têm sido as suas opções em anteriores actos eleitorais, opções que vão desde a extrema esquerda (BE) até à direita (PSD). Para mim, é abrangência a mais.
No provável candidato Cavaco Silva, por variadíssimas razões, já expressas aqui no blogue, só posso dizer, como diria o outro, JAMAIS. E não é, seguramente, pelas razões que levam a direita conservadora a andar à procura de outro candidato, gorada que está, para já e aparentemente, a hipótese Bagão Félix. Faço a ressalva, porque não me parece de todo improvável que Bagão Félix possa vir a mudar de posição, considerando que poderia contar, à partida, com o total apoio do CDS, nas palavras de Paulo Portas.
As afirmações de Paulo Portas têm também o significado inequívoco de que a direita está, no mínimo, desconfortável com a posição tomada por Cavaco Silva ao promulgar a lei dos casamentos entre pessoas do mesmo sexo: pelo facto em si e pelas razões invocadas. Neste ponto, há que reconhecer que a direita tem alguma razão. Não a tem quando Cavaco alega que a lei acabaria por ser aprovada de novo no Parlamento por uma maioria que o obrigaria a promulgá-la, salvo, naturalmente, se renunciasse ao cargo (e Cavaco, neste ponto, estava a ser realista). Mas já a tem quando Cavaco faz referência à situação de crise (a justificação, neste particular, é, para não dizer mais, oportunista).
Tenho por seguro, face à posição de Portas, que, se as eleições estivessem por perto, Cavaco teria perdido uma boa parte do eleitorado situado à direita. Como as eleições ainda vêm longe, se Bagão Félix não assumir, entretanto, a incumbência, ou não surgir outro candidato no lugar dele, as perdas de Cavaco acabarão por ser insignificantes. Porque a memória do eleitorado é curta, como o demonstra a recuperação da popularidade de Cavaco. De facto, quem é que ainda se lembra da vergonhosa actuação de Cavaco Silva, durante o Verão passado, no "caso das escutas"? Ou do patético discurso por ele proferido após as eleições a propósito do mesmo caso? A julgar pelos índices de popularidade, a maioria do eleitorado já não se lembra. Sorte a dele, se se vier a recandidatar e azar o nosso.
E, por ora, a propósito de presidenciais, disse.

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