Os números que dão conta que o Estado português se endivida à media de 2,5 milhões de Euros, à hora, são deveras impressionantes, mesmo que as necessidades de financiamento para este ano se encontrem já asseguradas, em 90%, como afirma o ministro da Presidência, Silva Pereira, o que, a ser verdade, parece não comprometer as metas estabelecidas no PEC, nem ultrapassar os limites orçamentais, como, aliás, decorre da comparação entre os números avançados para a dívida já contraída (14,2 mil milhões de euros) e o montante máximo de endividamento consignado no Orçamento de Estado (17,4 mil milhões de euros) não havendo, por isso, como sublinha o primeiro-ministro, razão para alarmismos.
Mesmo que, como afirma o Governo, não haja razão para alarmismos, aqueles números não deixam de levar à conclusão de que há que limitar o endividamento do Estado até porque os juros da dívida pública têm vindo a aumentar progressivamente e o Estado não dispõe de meios para travar esta subida, a não ser reduzindo a dívida.
Há, porém, outros números que não são menos surpreendentes, nem menos preocupantes do que aqueles. Com efeito, ainda há dias ficámos a saber que os portugueses compraram, só no 1º semestre deste ano, perto de 3 milhões de telemóveis (sem dúvida, mais um número impressionante) e hoje veio a lume a notícia de que as vendas de automóveis descem na UE mas sobem em Portugal, cifrando-se o aumento das vendas, nos primeiros oito meses, em 46,4 por cento, em relação a igual período do ano passado.
É obra !
Estes números demonstram que os portugueses continuam, apesar da crise, a viver à grande e à francesa, mesmo sabendo que a dívida externa portuguesa deriva, sobretudo, do excessivo endividamento dos particulares e das empresas, endividamento que é, por isso, responsável, em igual medida, pelas dificuldades de financiamento da economia portuguesa e pelo aumento dos juros dos empréstimos.
Que mais dizer a não ser que, perante as dificuldades que o país atravessa, o comportamento dos portugueses é bem próprio de quem entende que o "pecado" mora sempre ao lado e que os culpados são sempre os outros e em especial os governos (o actual, ou qualquer outro que o tenha antecedido, ou qualquer outro que lhe venha a suceder). Possivelmente, também se poderia concluir, como o faz hoje Jacinto Nunes, que “só nos metem na ordem à força”.
Mesmo que a afirmação não corresponda à verdade, só o facto de haver quem o afirme já é pouco agradável.
Mesmo que a afirmação não corresponda à verdade, só o facto de haver quem o afirme já é pouco agradável.
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