quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Justiça enlameada

A justiça portuguesa é uma inegostável fonte de surpresas. Por regra, ultimamente, desagradáveis. Hoje, é objecto de notícia o juiz-presidente do Tribunal de Alenquer (que dá pelo nome de Afonso Dinis Nunes ) que decidiu "adiar julgamentos para 2011, alegando que devido ao corte de 600 euros no salário terá de reduzir o seu horário de trabalho extraordinário por motivos financeiros". A atitude do juiz (?) é deplorável e indigna de um juiz, mas o caso poderia ser encarado à luz do ditado que diz que "uma andorinha não faz a primavera" e o comentário poderia ficar por aqui. E ficaria, ressalvando-se assim a honorabilidade de toda a magistratura judicial, se se não verificasse a circunstância  de a notícia (surgida no Correio da Manhã) ter sido acolhida no próprio site da Associação Sindical dos Juízes Portugueses (ASJP), facto que só pode ser entendido como sinal de apoio ao comportamento do juiz (?) elevado à categoria de exemplo a seguir.  O que significa que a direcção do juiz-desembargador António Martins faz questão que toda a magistratura judicial saia  enlameada do caso.
Não será altura para o Conselho Superior da Magistratura tomar uma atitude ?  É que se a não toma temos de nos perguntar para que serve o auto-governo dos juízes? Para os correr a todos com as classificações de "Bom" e "Muito Bom"?
Não será "curto"?

4 comentários:

Anónimo disse...

o problema foi ter-se dado muito... e quando se dá para depois se tirar uma parcela, o que fica na mente é o ladrão e não o excesso dado.

Anónimo disse...

Tem razão, uma andorinha não faz a Primavera.
Já não tem razão quando conclui que a associação apoiu a tomada de posição do juiz.
A associação tem um serviço de recolha de todas as notícias sobre justiça. A publicação das notícias no site não é editada. Todas as notícias sobre justiça são lá publicadas.

Francisco Clamote disse...

Caro anónimo:
Se é como diz, e não tenho razões para duvidar, a minha conclusão é abusiva. Em todo o caso noto que perante uma atitude dum juiz que, objectivamente, contribui para denegrir a imagem da justiça (em geral) e da magistratura judicial (em particular)impunha-se uma palavra da direcção da ASJP a demarcar-se de tal comportamento. Infelizmente, não a ouvi.
Cumprimentos.

Anónimo disse...

Tem razão. Embora, tanto quanto sei, a generalidade dos juízes não concorda com a atitude do «colega».
Enquanto juiz senti vergonha ao ler o despacho em causa.
(independentemente das razões de queixa que possa ter pela forma como este Governos tem tratado a classe).
Cumprimentos,