O descalabro e a distância entre o prometido pelos partidos actualmente no poder, durante a campanha eleitoral, e o concretizado pelo actual Governo, que não se cansa de anunciar sucessivos aumentos de impostos incidentes sobretudo sobre a classe média, transformada em autêntico bombo da festa, mas que simultaneamente se mostra incapaz de cortar na despesa, atingiu uma dimensão tão escandalosa que até um fanático como Vasco Graça Moura se confessa já "desorientado, para não dizer frustrado", "com o que parece desenhar-se no horizonte.”
O ponto a que isto chegou a mim não me espanta, porque já o esperava, sendo, porém, certo, pelos cortes que já foram anunciados nas áreas sociais (segurança social, saúde e educação), que não nas "gorduras do Estado", que o pior está para vir. Admira-me, no entanto, que pessoas como Graça Moura (confesso votante no PSD e seu militante e autor de crónicas tão indignas como esta, onde os portugueses são tratados como "calaceiros profissionais" ou esta, em que não se coíbe de manifestar o "mais total desprezo" pelos resultados eleitorais de 2009) mostrem já um tal desapontamento com a actuação do Governo que elegeram.
Querem lá ver que este pessoal, que andou meses (anos) a fio a ignorar a crise internacional e a atribuir a uma só pessoa todos os males do país, imaginava que estes se esfumavam miraculosamente logo que os seus "amigos" pusessem a mão no "pote".
Quanta ingenuidade !
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