Peço desculpa ao leitor se, pelo título, o levei pensar que estas linhas eram dedicadas aos dias atribulados que se vivem na Síria, com capital em Damasco. Não é que os sofrimentos por que passa o povo sírio não mereçam toda a preocupação do mundo e a minha como cidadão do mundo. Acontece, porém, que não me sinto suficientemente informado para me pronunciar sobre os acontecimentos que se vivem naquele martirizado país, e menos ainda para optar entre Lúcifer e Belbezu. Em rigor, não faço mesmo ideia de quem é quem, neste caso.
Se falo em Damasco é em sentido bíblico para anunciar que até João César das Neves é capaz de, na estrada de Damasco, ver a luz.
"Portugal é um país espantoso, com um povo capaz de feitos únicos e maravilhosos. Em compensação, o País está há séculos dotado de uma elite pedante, mesquinha e medíocre. Esse grupinho de iluminados tem sempre no bolso a salvação nacional e, atingindo o poder, tudo faz para arruinar o País. Os desastres de 1834, 1890, 1910, 1916, 1926, 1961, 1978, 1983 e 2011 não são azares externos, mas efeito directo das soluções milagrosas da elite, que depois compõe uma magna falsificação histórica para se desculpar e acusar os adversários. Vemos isso hoje, com a crise".
É da sua autoria este parágrafo, como, aliás, toda a crónica, a que deu o título de "Fraude histórica".
Falar de fraude e de falsificação histórica a propósito do que se passou em 2011 com o derrube do anterior governo e do que, depois disso, se tem passado, é de todo o rigor. Para chegar a tal conclusão, João César das Neves pode não ter caído do cavalo, como Paulo de Tarso, mas, seguramente, viu a luz.
2 comentários:
Acabei de ler: "E tudo o que estava grávido de futuro ficou, de repente, envenenado de passado."
Luís Sepúlveda, A SOMBRA DO QUE FOMOS
Síntese dolorosa, acrescento eu...
Caro Francisco,
Este post, cheio de fina ironia e história bibílica, está magistral. Parabens.
Como vê, acabei por voltar. Com o regresso do pessoal do Câmara Corporativa, senti-me alentado para voltar a este combate.
Obrigado pelo apoio que me deu, e pelo desafio que me lançou. Cá vamos indo, à ilharga do barco, não vá esta "gente honrada" rumar contra um rochedo.
Um abraço.
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