segunda-feira, 31 de março de 2014

Culpado!

O pobre coitado do Passos Coelho, em entrevista a um jornal de Maputo, confessa "não saber se a história o absolverá das opções que tomou como governante".  
A  história, tanto quanto me é dado saber, nunca fez, nem faz, julgamentos. Arremedos, talvez. Julgamentos fazem-nos as mulheres e os homens. Cada mulher e cada homem.  O meu, em relação a Passos Coelho, de há muito está feito: como político, não passa, comprovadamente, de um aldrabão. Acresce que, como governante, é "ideologicamente extremista e funcionalmente incompetente". Francisco Assis dixit.
O meu veredicto é pois, sem margem para dúvidas, o de "Culpado!".

Na "mouche"

"Governo ideologicamente extremista e funcionalmente incompetente", assim caracterizou Francisco Assis o actual governo Passos/Portas. 
Maior precisão era difícil. Assis acertou no alvo.

domingo, 30 de março de 2014

Sucesso alcançado!

Admira que quem, como Passos Coelho, secundado por Paulo Portas, adoptou como objectivo central da sua política levar a cabo o empobrecimento do país (ele assim o afirmou  repetidamente), não proclame, perante os dados sobre a pobreza em Portugal recentemente revelados pelo INE, ter o seu governo alcançado um rotundo sucesso. 
O espanto perante o silêncio governamental sobre a matéria justifica-se plenamente, porque não há dúvida de que, embora os números da pobreza sejam de molde a envergonhar-nos, do ponto de vista destes governantes, é mesmo de um sucesso que se trata: o objectivo proclamado foi plenamente atingido. Se isto não é um sucesso, vamos chamar sucesso a quê? À redução de umas décimas no desemprego ou ao crescimento anémico previsto para o corrente ano, depois de três anos seguidos de recessão, tantos quantos os que este governo leva de empenho na destruição do país?

domingo, 16 de março de 2014

Melhor dito: mal estamos.

"(...) mal estávamos se tivéssemos um primeiro-ministro que convictamente pensasse que a liberdade de expressão devia ser limitada pelos humores dos mercados."
(Pedro Marques Lopes; "O manifesto e o Gide". Na íntegra: aqui)

O Pedro Marques Lopes que me desculpe, mas a construção da frase é muito imperfeita. Não é " mal estávamos se tivéssemos (...)". Em versão correcta dir-se-ia: "Mal estamos porque temos um primeiro-ministro que convictamente pensa que a liberdade de expressão deve ser limitada pelos humores dos mercados". Eu que sou dado a poucas certezas, se é que tenho algumas, neste caso não tenho grandes dúvidas. A intempestiva e desproporcionada reacção de Passos/Coelho ao "Manifesto dos 70" não permite outra leitura. Acho eu.

Olha quem fala!


(Santana Lopes, hoje, em entrevista ao "Público")

sábado, 15 de março de 2014

sexta-feira, 14 de março de 2014

O veto encenado

O veto presidencial incidente sobre o diploma que aumentava o valor dos descontos dos funcionários públicos, militares e forças de segurança para os respectivos subsistemas de saúde (ADSE, ADM e SAD) tanto pode ser visto como um veto inútil, quer como um veto útil.
O que primeiramente salta à vista é a inutilidade da decisão de Cavaco, visto que o governo, dispondo na Assembleia da República de uma sólida maioria absoluta, tem todas as condições para levar a sua avante. 
Como Cavaco não ignorava e não ignora que o veto seria facilmente ultrapassável pela coligação, o seu gesto pode ser visto a outra luz e, nessa outra perspectiva, é inegável  a sua utilidade. De facto, o veto, nestas circunstâncias é a melhor forma de Cavaco se demarcar, sem custos políticos para qualquer das partes, da política do governo.
Todavia, a forma como o governo se desembaraçou tão lestamente do veto, ao enviar, sem perda de tempo, para a Assembleia da República para aprovação o mesmo diploma redigido "rigorosamente nos mesmos termos em que (...) tinha sido aprovado em Conselho de Ministros em janeiro", leva-me até a crer que o veto, em vez de ser analisado como útil ou como inútil, deve antes ser visto como um veto combinado. Combinado e encenado.

Setenta e um é a conta certa...

... diz a Fernanda Câncio, com toda a propriedade, embora, quanto a mim, um não conte para o caso, por se limitar a fazer de conta.

quarta-feira, 12 de março de 2014

O "corpus delicti"

Dizem os jornais que, de vez em quando, ainda falam verdade que Sua Excelência, o presidente da República,  Prof (?) Dr. Aníbal Cavaco Silva exonerou esta quarta-feira os seus dois conselheiros, Vítor Martins e Sevinate Pinto, que assinaram o manifesto a apelar à reestruturação da dívida, manifesto que circula por aí com o título Preparar a Reestruturação da Dívida Para Crescer Sustentadamente.
Delito muito grave por certo, para tão rápido despacho, mesmo que, como se afirma aqui, a exoneração tenha sido pedida pelos próprios. 
Seja como for, mais uma razão para ficarmos a conhecer o "corpus delicti". Aqui
Eu não sou economista, nem tenho pretensões a sê-lo, mas lá que o que se escreve no manifesto faz sentido, faz.

segunda-feira, 10 de março de 2014

O "prefácio" em falta

"(...)
O livro da nossa desgraça - a nossa crise - deveria ter tido, sim, um prefácio sensato. Dizendo, em 2009, 2010 e 2011, isto: A) esta é uma crise global; e: B) e é também uma crise especificamente portuguesa, com erros e vícios que sucessivos governos portugueses aprofundaram; e: C) a situação é grave e aqueles que a causaram têm o dever nacional de se juntar para nos tirarem dela... Infelizmente, ninguém importante disse, então, esse prefácio. Ouviu-se, isso sim, demasiado, a negação de A). E, em vez de B), a demonização de um só governo. Isto é, impediu-se C)."

(Ferreira Fernandes; "Prefaciar depois do leite derramado". Na íntegra: aqui)

domingo, 9 de março de 2014

O incendiário armado em bombeiro

Goste ou não goste, queira ou não queira, Cavaco não tem como fugir às suas responsabilidades no derrube do 2º Governo de José Sócrates, em 2011, pelo que, pelo menos nessa medida, é co-responsável por todas as consequências resultantes desse acontecimento: vinda da troika; programa de ajustamento; política de austeridade em duplicado, empobrecimento do país, aumento do desemprego, políticas seguidas por este governo com extremos de insensibilidade social de que Cavaco nunca se demarcou.
Direi, pois,  que Cavaco Silva se portou-se na circunstância, como um dos incendiários de serviço.  Se não foi ele que acendeu o fósforo, foi ele que carreou a lenha.
Porque não é lorpa, chegou há uns tempos à conclusão de que o programa de ajustamento vai saldar-se por um fracasso completo, por muito que o governo da parelha Coelho/Portas se farte de propagandear o contrário. Daí que, de há uns tempos a esta parte, Cavaco tenha vindo a defender um entendimento entre os (mal) chamados "partidos do arco da governação", tendo agora voltado a insistir no tema, no capítulo VI do prefácio do "Roteitos VIII"  (disponível aqui) onde se espraia em considerações várias como esta:  "Perante os desafios que Portugal tem de enfrentar no período "pós-troika", torna-se fundamental a existência de um compromisso de médio prazo entre as forças políticas comprometidas com o atual programa de assistência financeira. Esse entendimento deveria estender-se até ao final da próxima legislatura e incluir, pelo menos, um compromisso de estabilidade política e de governabilidade, de adoção de políticas compatíveis com as regras fixadas no Tratado Orçamental que Portugal subscreveu, de controlo do endividamento externo, de reforço da competitividade da nossa economia e de estabilidade do sistema financeiro."
Como é evidente, Cavaco tenta agora fazer de bombeiro, mas não é menos óbvio que o incendiário não é a pessoa mais indicada para desempenhar o papel. 
Compromissos com a natureza e o alcance do proposto por Cavaco, só depois de o povo português se pronunciar sobre as alternativas que todos os partidos venham a apresentar. Negociar qualquer acordo, nas costas do povo, por parte do PS pode (é) do agrado de Cavaco, mas um tal acordo teria de ser visto como uma traição ao país e, em particular ao seu eleitorado e um benefício ao infractor.
Acordos com esta direita e com Cavaco, NUNCA! Em todo o caso, NUNCA antes de eleições legislativas.

Os verdadeiros sucessos da parelha Coelho/Portas





(BARTOON LUIS AFONSO - edição do "Público" de hoje)

Será que Portas vai continuar a perder tempo a dar corda ao relógio?

(...) é uma ilusão pensar que as exigências de rigor orçamental colocadas a Portugal irão desaparecer em meados de 2014, com o final do actual programa de ajustamento económico e financeiro.(...) o escrutínio europeu reforçado das finanças públicas portuguesas, bem como a monitorização da política económica, vai prolongar-se muito para lá da conclusão do actual programa de ajustamento"
(Extracto do Capítulo II do prefácio dos "Roteiros VIII" da autoria de Cavaco Silva, parcialmente publicado no "Expresso", edição impressa de hoje)

Espera-se muito naturalmente que Cavaco Silva tenha, em conformidade, tomado a iniciativa de comunicar ao Dr. Portas que não vale a pena continuar a dar corda ao relógio.

sábado, 8 de março de 2014

Qual o qualificativo a atribuir a uma pessoa que durante 3 anos diz uma coisa e depois faz outra?

"Desde 2011 que o primeiro-ministro afirma que os cortes de salários e os aumentos de impostos são provisórios, temporários, excecionais. Desde 2011 que o primeiro-ministro vende esta versão aos portugueses e ao Tribunal Constitucional, para este não declarar inconstitucionais estes cortes. Desde 2011 que o primeiro-ministro dá a entender que estes cortes provisórios, temporários, excecionais têm um horizonte: o final do programa de ajustamento. Pois, esta semana, o primeiro-ministro foi claro: os salários e pensões não voltam aos níveis de 2011(...). Deixo para os leitores o qualificativo a atribuir a uma pessoa que durante três anos diz uma coisa e depois faz outra.(...)"

(Nicolau Santos; "Os cortes temporários e provisórios", na edição de hoje do "Expresso")


sexta-feira, 7 de março de 2014

Muito melhor

Caiu meio mundo em cima de um tal Montenegro, chefe da charanga parlamentar laranja, por ele se ter lembrado de afirmar que "o país está melhor", depois de três anos de governação a cargo da parelha Passos/Portas.
Nem pesou no julgamento apressadamente feito ao tal Montenegro o facto de o mesmo ter reconhecido que não diria o mesmo em relação aos portugueses que, consabidamente, estão bem pior. E isto, pormenor que não é de somenos, falando verdade, contra o que é hábito nas hostes laranjas, a começar no líder. 
O julgamento a que meio mundo sujeitou o Montenegro revela-se ainda mais inapropriado, porquanto é um facto que, de há uns dias a esta parte,  o país, desde que entrou em cena o sol, ficou não só melhor, mas muito melhor. O facto é tão evidente que não carece de documentação, julgo eu, mas para não restarem dúvidas atrevo-me a publicar aqui umas quantas fotografias que não me deixam em mentira. Afirmação que é corroborada por uma amiga (abaixo identificada) que insistiu em ser aqui apresentada.
De modo que, deixem o tal Montenegro em paz, porque, se o homem alguma culpa tem, resulta apenas do facto de ter antecipado a chegada do bom tempo. E, porventura, possuir o dom da adivinhação é culpa ?

(Geum sylvaticum)

(Helianthemum marifolium)

(Salvia verbenaca)

A amiga em questão:
Fêmea de Rabirruivo-preto (Phoenicurus ochruros)

(Clicando nas imagens, amplia)

quarta-feira, 5 de março de 2014

O rapazola é dado a birras

Catarina Martins, coordenadora do BE disse hoje no Parlamento, na cara de Passos Coelho, fazendo jus aos dotes do fulano como político mentiroso compulsivo, que a palavra dele, enquanto primeiro-ministro "não vale nada".
Não obstante ser um facto que Coelho é detentor de um rol de mentiras de que muito justamente se pode orgulhar, em vez de agradecer, lembrou-se de fazer birra.
E assim sendo, com actos destes, temos que concluir que coelho, além de aldrabão, é mal agradecido.
Não vou ao extremo de afirmar que o dito Coelho convive mal com as regras da democracia, porque não convém faz cair chuva no molhado.