sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Pela boca morre o peixe !


Será que li bem ? Segundo Mário Nogueira, a Fenprof vai pedir responsabilidades políticas ao Ministério da Educação . Mas, pergunto eu: Quem é Mário Nogueira ou a Fenprof para pedir responsabilidades políticas à ministra da Educação ?
Tanto quanto sei, a Fenprof é uma federação de sindicatos, não podendo, nem estes, nem as respectivas federações, desenvolver actividades políticas. Pelo menos, de acordo com a lei sindical, a que até o senhor M. Nogueira está sujeito, creio eu. A circunstância de o senhor M. Nogueira aparecer com frequência nos órgãos de comunicação social não lhe confere, nem a ele, nem à federação que dirige, qualquer legitimidade para pedir responsabilidades políticas a quem deles não depende, nem politicamente, nem a qualquer outro título.
Este tipo de afirmações, permito-me acrescentar, só se tornam compreensíveis se a intenção de M. Nogueira e da Fenprof for mesmo a de inviabilizar qualquer entendimento com o Ministério da Educação, pois é evidente que o Ministério não pode, sem perda do respeito que lhe é devido e da autoridade que a lei lhe atribui, aceitar uma tal atitude por parte de uma federação de sindicatos, seja ela qual for.
Tudo indica, face este comportamento, que à Fenprof não interessa tanto resolver os problemas dos professores e do ensino. Está, pelos vistos, mais interessada em fazer política e neste caso, ao falar em responsabilidades políticas, ter-lhe-á fugido a boca para a verdade.
Às vezes, pela boca morre o peixe !
(Ilustração daqui)

8 comentários:

Anónimo disse...

Que visão tão simplista da realidade! Toda a gente pode pedir responsabilidades políticas! O facto do ME não estar sob a tutela da Fenprof, não quer dizer batatas! Se a escola está uma vergonha, qualuqer professor, encarregado de educação ou português pode pedir responsabilidades ao ME, que, a ter responsabilidades, serão (evidentemente) políticas.

Anónimo disse...

Outro anónimo, respondendo a igual diz:
Acho é que há falta de vergonha, tudo serve para tentar defender o indefensável.Toda a gente sente e sabe, pelo menos quem teve filhos a estudar que há uma percentagem de professores e grande, que anda para ali a ganhar o seu, na vidinha...O Governo sabe isso, que tem a maioria da opinião pública do seu lado, pois que de outro modo, não tocaria nesses interesses instalados.
Claro que tem de ser avaliados e responsabilizados e chamados à pedra como o são noutros países evoluídos. Cá há uma porção de professores capazes e probos lá isso é verdade, mas há a outra grande parte que anda a fazer de conta, a elevar a fasquia das estatísticas que poem Portugal nos países que mais gastam em educação para ver o que vê.O autor do blogue até foi manso, fino no trato, muito político, subtil nesse pormenor legal de que nem me tinha apercebido. Quer dizer nem os sindicatos ou federações se sabem sentar no devido lugar, anda tudo trocado e assim sendo como pode a natureza ser natural?

Anónimo disse...

Nunca ouvi um professor dizer que não queria ser avaliado. Gosto de ser (e já fui) avaliado. Fui avaliado numa acção de formação, com 5 aulas assistidas, onde os critérios foram as actividades realizadas, a capacidade para motivar a turma, a gestão das participações, a resolução de conflitos, a avaliação e a reflexão crítica. O resultado dos alunos é influenciado por demasiados factores (sendo os mais importantes alheios à escola) para que seja critétrio de avaliação.
Por outro lado, neste momento trabalho mais de 40 h por semana (embora só me paguem 35) e nas 2 primeiras semanas de aulas trabalhei perto de 50 horas e não consegui preparar uma única aula. Quer isto dizer que trabalhei perto de 50 horas das 35 que me pagam, sendo 10 dessas horas para trabalho individual (que não tive tempo para fazer).
O problema dos professores é a sua exposição. Se um prof faltar uma hora, há trinta famílias a saber que esse prof. faltou. Se um polícia, juiz, enfermeiro, ou administrativo faltar, quantos ficam a saber?
Portugal é dois países que gasta menos na educação! Gasta uma grande % do PIB porque o nosso PIB é uma vergonha (com a fuga ao fisco que os trabalhadores por conta própria fazem). Leia o relatório da OCDE e verifique! O estado Português gasta menos 1000€ por aluno que a média da OCDE! Informe-se antges de repetir as mentiras descaradas do ME!

Anónimo disse...

Estou completamente de acordo com o Mário. Bem haja!

Anónimo disse...

Diz o 2º anónimo:
Bom, duvido que algum dia tenha conhecido alguém que gostasse de ser avaliado, quer dizer, todos dizemos que terá de haver avaliação justa para evitar que os oportunistas nos passem a perna e para que sejam os melhores a ter o pr´mio.Mas ser avaliado ou julgado, ninguém gosta, acho eu. Este nosso docente a trabalhar 50 horas e com estas preocupações talvez se situe fora do alvo e se sinta inconsiderado com os visados e apoiantes do sindicato.
Quando falei nos países desenvolvidos queria referir-me à CE e não à OCDE, aqui talvez tenha razão, mas não a tem na União Europeia. Depois, ponha os alunos a ter como obrigatório os 11 anos de escolaridade e verá que Portugal gastará ainda muito mais comparativamente, claro e nunca em % do PIB.

Anónimo disse...

Se fosse professor, estaria farto de ser considerado um chupista, um madraço e um irresponsável. Estaria farto de ouvir que tem muitas férias (menos que a maioria dos profs da CE, mas disso ninguém fala), que ganha tanto como os dos países ricos (apenas no 10º escalão - ao fim de 15 anos de serviço estamos na cauda da europa em termos de ordenados), que faltamos que nos desunhamos (embora o Instituto Nacional de Estatística o desmita e coloca-nos como a segunda profissão que menos falta). Ou seja: se fosse prof, estaria desejoso de ser avaliado... é que agora já o somos, como se pode ler no seu post inicial: "há uma percentagem de professores e grande, que anda para ali a ganhar o seu, na vidinha". Somos nós, são os polícias que só andam à caça da multa e não protegem ninguém, são os médicos, etc.
Quanto aos gastos em relação à CE, deixe-me dizer-lhe que gastamos 5809€ por aluno enquanto que a médfia europeia (a 19) é de 6811€. Estes dados referem-se a 2004 e podem ser consultados na pág. 188 do relatório da OCDE de 2007 "education at glance" (faça o download na internet). Estes são os últimos dados conhecidos, portanto, deixe-me repetir-lhe: DEIXE DE PAPAGUEAR AS MENTIRAS DESCARADAS DO ME!
Quanto aos alunos só terem a escolaridade obrigatória até ao 9º ano, deixe-me dizer-lhe que a maioria dos alunos continua muito mais que 3 anos no ensino. Se chegam ao 12º ou não, é indiferente (em termos de gastos estatais).

Anónimo disse...

Esta resposta é para 1º anónimo - o sr. prof das 50 horas do 2º anónimo:
Notei com desagrado alguma arrogância da sua parte. Fui ver o Eurostat e existe um estudo da comissão europeia relativo ao ano de 1999/2000 ( não está muito desactualizado e eu não tenho tempo para ver melhor) e que se encontra em www.eurydice.giase.min-edu.pt ... onde se vê perfeitamente o disparate dos salários dos professores em Portugal comparativamente com os países da UE e os demais da EFTA onde se vê que o salário reportado ao PIB por habitante atinge em Portugal 350 quando a maioria dos países frança, alemanha holanda etc ficam pela metade ou por pouco mais. O mínimo em Portugal quer no primário quer no secundário está ao nível ou quase do máximo nesses países e são muitos.
De 2000 para hoje a situação não se terá alterado muito. em vou procurar mais. Como a maior fatia dos gastos com a educação está no pessoal, continuo convencido que o ME tem razão e o vexa deveria confiar mais no Eurostat.
Atentamente. Desde já previno que não voltar a este assunto.

Anónimo disse...

Para o último anónimo:
Já sei que não vai responder, como disse, a este post, mas deixe-me dizer-lhe o seguinte:
Deve ter estado distraído, já que no post de 12 de Outubro desmontei a argumentação do seu post. Como disse que não tinha tempo para ver melhor, deixo-lhe aqui o link para o doc. "Education at Glance - 2007": h**p://www.oecd.org/document/30/0,3343,en_2649_39263238_39251550_1_1_1_1,00.html (substituir os "*" por "t").
Quanto aos gastos em % de PIB, deixe-me dar-lhe um exemplo teórico:
O país A tem um PIB de 100€; o País B tem um PIB de 200€. O país A gasta 5% do PIB em educação, o B gasta 4,5%. O país A gasta 4,5€ em ordenados e o país B gasta 6€. O país A, pagando menos aos profs., gasta uma maior % do PIB (4,5%), que corresponde a 90% dos gastos com a educação; o País B, pagando mais aos profs, gasta 3% do PIB em salários e 66,6% dos gastos com educação.
Esta parábola serve para explicar porque é que a Ministra apenas fala na % do PIB ou na % do orçamento para a educação e não nos gastos reais (em euros).
Como sou professor de Matemática, a mim ela não me engana. Infelizmente, parece ser fácil enganar a maioria das pessoas (e isto sim, é ser arrogante).
Cumprimentos, Mário Amoreira (não é nick).