terça-feira, 21 de outubro de 2008

Milagres já não há...


A confirmar-se esta notícia teremos de concluir que os denominados fundos de investimento imobiliário para arrendamento habitacional não vão, à primeira vista, solucionar a maioria dos casos de incumprimento derivados dos empréstimos à habitação. Os devedores, segundo se afirma, poderão ver os seus encargos mensais diminuir cerca de vinte por cento. Parece-me que o pagamento de uma renda equivalente a oitenta por cento do valor dos encargos actuais continuará a representar para muitos um esforço inultrapassável e, por isso mesmo, não evitará a continuação do incumprimento. Por outro lado, não é menos certo que o novo instituto não tem só a vantagem da diminuição do encargo com a habitação, pois traz igualmente consigo a desvantagem (que não é pequena) de o devedor, ao pretender reaver a propriedade da sua casa, ter de pagar, nessa altura e de uma só vez, o preço da sua casa.

Melhor que este novo esquema era os bancos baixarem as taxas de juro para níveis mais consentâneos com a taxa de juro de referência do BCE. Matavam assim dois coelhos com uma só cajadada: reanimavam a economia e viam baixar os níveis de incumprimento. Numa época em que os milagres já não abundam, este seria um pequeno milagre.
(Imagem daqui)

2 comentários:

Yuppie Boy disse...

No dia em que quiserem "resgatar" a casa perdida, poderão voltar a recorre ao crédito. A ideia é mesmo essa. Arrendar enquanto não se pode comprar.
Quanto a baixar os custos, suportados não definiu você por quem, não vejo hipótese. Pagar o diferencial do juro seria incomportável para o Estado. Quanto aos bancos, não prescindirão do seu lucro certamente.

Contas são contas, e se uma família não consegue pagar os 80%, então essa família comprou muito acima das possibilidades e isso não se resolve nos bancos... resolve-se com uma mudança de mentalidades« e sentido do real.

Francisco Clamote disse...

Estou em absoluto de acordo com as suas afirmações. Suponho que da minha "prosa" não se infere o contrário. O que pretendi dizer foi tão só que o novo instrumento financeiro não é uma panaceia. De todo o modo, bem haja pela sua contribuição. Saudações.