domingo, 18 de outubro de 2015

O verniz e a máscara

Infelizmente, avolumam-se os sinais de que a formação de um governo de esquerda (PS/BE/PCP) ou, pelo menos, com apoio maioritário à esquerda, não passou de um breve sonho de Verão Outono. Tudo aponta nesse sentido. De facto, a exigência de um acordo com a duração duma legislatura, por parte do PS, que me parece inteiramente justificada, choca com a recusa por parte dos restantes partidos da esquerda em aceitar um compromisso tão dilatado no tempo, o que significa que, mesmo que o PS se dispusesse a formar governo nessas condições, a estabilidade governativa que António Costa reclama (com razão) estaria posta em causa. Aceder a formar governo nessas condições, seria cometer suicídio. Logo, penso que a hipótese de um governo de esquerda acabou por morrer ainda antes de nascer, frustrando a expectativa de quantos se reviam nessa solução.
Todavia, mesmo que não se venha a concretizar a hipótese de um governo de esquerda, tal não significa que tenha sido inútil o esforço de aproximação entre os partidos alinhados à esquerda no hemiciclo. Essa tentativa de acordo serviu, pelo menos, para, como diz Jerónimo de Sousa, "fazer estalar o verniz democrático a muitos", como é o caso de Manuela Ferreira Leite, a do "verdadeiro golpe de estado" e de tantos outros, como Bagão Félix , Clara Ferreira Alves, para já não falar de Passos Coelho ou de Paulo Portas, o tal que que acha (falsamente) que estão sequestrados os votos na PAF, mas que, não só nunca se incomodou com o facto (verdadeiro) de terem estado sequestrados durante décadas os votos no PCP e do Bloco, como entende que assim devem continuar. 
Hipócritas!
A utilidade da tentativa de entendimento  entre o PS e os partidos à sua esquerda não se fica, no entanto, pelo "estalar do verniz", pois, como salienta João Maria de Freitas-Branco, teve também o efeito e o mérito de fazer cair a máscara de "falso socialismo de muitos [fingidos] socialistas".

2 comentários:

ginginha disse...

Tristemente,... concordando! Poucos, não são os resultados, pelo contrário! Tudo é mais claro. É bom abrir portas, mas , também, é preciso fechá-las , conhecendo bem as razões do seu fechamento! E ninguém, honestamente, pode retirar a António Costa o mérito de permitir clarificações a vários níveis. Gigantes viraram anões em todos os campos políticos...O fado continua!...

Majo disse...

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~ Tempos incertos e preocupantes...
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