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No debate sobre alianças à esquerda, têm sido lembrados episódios da história da nossa democracia dos tempos do PREC, como a intervenção de Melo Antunes contra a ilegalização do PCP ou o comício do PS na Alameda. Em 1974 e 1975 estiveram em causa a liberdade e a democraticidade do regime. Hoje, a liberdade não está em causa em Portugal. O contexto internacional mudou, a União Soviética desapareceu, integramos a União Europeia, a nossa democracia está consolidada. O que hoje está em causa em Portugal é a igualdade como valor social. Igualdade que é posta em causa por um modelo de desenvolvimento económico assente em baixos salários e na desqualificação dos recursos humanos, bem como na degradação das condições de trabalho de milhões de portugueses e na destruição de serviços públicos e de prestações sociais. O que está em causa é a necessidade de diminuir as desigualdades sociais e económicas. O que está em causa é a defesa do Estado social, construído com o esforço de muitas gerações de portugueses e que, pela mão da coligação de direita, está em risco de desmantelamento.
A agenda das políticas de defesa do Estado social opõe hoje, como nunca no nosso passado recente, esquerda e direita. É a recusa daquela agenda pela direita que torna impossível qualquer entendimento entre PS e PSD. E é a necessidade de a concretizar que torna desejável e urgente a aliança à esquerda hoje possível.»
(Maria de Lurdes Rodrigues; "Sobre a aliança à esquerda". Na íntegra: aqui. Destaque meu)
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