Entusiasmado ao ler esta crónica de Viriato Soromenho Marques, leitura que também se recomenda, em que o autor põe em relevo a coragem de Mariano Rajoy ao falar verdade e ao recusar "guerrear o seu povo para agradar aos seus homólogos, ou à burocracia de Bruxelas", estive quase a cometer a injustiça de considerar que a coragem que não falta em Madrid é coisa que não abunda em Lisboa.
E digo que estaria a cometer uma injustiça, porque, na verdade, coragem também não falta a Passos/Coelho que ainda hoje deu provas dela ao declarar que Portugal não vai seguir o exemplo de Espanha, no sentido de rever as metas do défice, recusando, do mesmo passo, ensaiar qualquer tentativa de renegociar taxas de juro mais baixas, porque "os empréstimos portugueses já têm uma boa taxa de juros".
Boa só será para os credores, acho eu, mas a frase revela que no caso de Passos/Coelho estamos a falar doutra espécie de coragem, ou seja, da coragem própria de quem é servil perante os poderosos, mas forte perante os fracos. Que, neste caso, constituem o povo por ele condenado a empobrecer, "custe o que custar".
Como os custos são já hoje mais do que evidentes para toda a gente e insuportáveis para muitos, forçoso é reconhecer que há, não só em Lisboa, mas em todo o país, um défice de coragem: a de correr com ele, antes que seja tarde.
Sem comentários:
Enviar um comentário