sábado, 9 de novembro de 2013

"Bad news"

"1. Primeira notícia (desta semana): um estudo da Organização Internacional do Trabalho recomenda, entre outras medidas, o aumento do salário mínimo em Portugal. Os trabalhadores desejam, as organizações patronais estão de acordo e, sejamos justos, até mesmo o Governo gostaria de o poder fazer, quanto mais não fosse numa lógica de dinamização da economia. Mas o problema está na troika: não quer. Pelos credores, não está terminada a desvalorização da força de trabalho que nos permitirá, dizem, tornar a economia mais competitiva.

Segunda notícia: um relatório sobre a riqueza no mundo revela que em Portugal passaram a existir mais 85 pessoas com fortunas superiores a 25 milhões de euros. São agora 870 os "excêntricos" do País. O nosso crescimento neste domínio está acima da média europeia. No entanto, o fenómeno é geral e a Alemanha contribui muito para isso.

Terceira notícia: a Comissão Europeia vai "investigar" o superavit comercial alemão, coisa que também preocupa os responsáveis económicos e financeiros norte-americanos, que estudam estes assuntos. Há quem defenda que os desequi- líbrios na Zona Euro e o bom desempenho da economia alemã são em parte responsáveis pela turbulência dos países do Sul, pelo facto de eles serem "inundados" por bens de consumo alemães. Excessos de ganhos e défices permanentes não são a mesma coisa, claro, mas fazem parte de um mesmo sistema desequilibrado que importa corrigir.

Quarta notícia: o Governo português foi em peso a Bruxelas perante os rumores de que o segundo resgate será inevitável se o Tribunal Constitucional chumbar algumas normas do Orçamento ou a convergência das pensões. Depois das demissões de Gaspar e de Portas, no verão, os juros penalizaram o País. E agora, na melhor das hipóteses, o esforço dos portugueses dará acesso à figura - nova - de um "programa cautelar". Uma ajuda mitigada que não nos restituirá a independência fiscal e financeira e obrigará Cavaco Silva a pensar se decreta ou não eleições antecipadas.
(...)"
(João Marcelino; "Notícias que explicam". Na íntegra: aqui)

2 comentários:

O Puma disse...

Entretanto...
há HOMENS que não se vendem

Anónimo disse...

Em relação à terceira notícia, a Alemanha deve estar a rir-se. Merkel encarregou-se de fazer aprovar, em 2011, que is superavits excessivos nunca seriam alvo de qualquer sanção, mas apenas de avisos.
Ora diz lá que ela não a sabe toda, Francisco!