O desinvestimento no Serviço Nacional de Saúde levado a cabo por este governo, traduzido em muitas centenas de milhões de euros, teria, mais cedo ou mais tarde, de ter consequências graves, como foi atempadamente previsto por médicos e outros especialistas na área da saúde. Essas consequências estão agora à vista de todos (especialistas e não especialistas): mortes, incluindo nas urgências, muito para lá do expectável; urgências a rebentar pelas costuras, com tempos de atendimento que envergonhariam até países do terceiro mundo: hospitais sem camas para internamento; doentes em pre-operatório e em pos-operatório, sem quarto onde possam ser alojados, espalhados pelos corredores; e até falta de macas para onde possam ser transferidos os doentes transportados de maca para o hospital, forçando os transportadores a aguardar horas e horas que as macas lhe seja devolvidas.
Com a pretensão de pôr termo aos caos instalado, o Ministério da Saúde produziu um despacho assinado pelo secretário de Estado da respectiva pasta que tem o mérito de assumir que os problemas de saúde com que os doentes, médicos e outros profissionais de saúde se confrontam, são reais e muito graves e não imaginários. Ao invés, tudo indica que as medidas contempladas não têm a virtualidade, e menos ainda a virtude, de resolver o problema. Dir-se-ia mesmo que algumas em vez de resolver, complicam. Para implementar as outras seria preciso dinheiro e dinheiro é o que o Ministério da Saúde não tem, graças aos cortes deste governo.
Como não se fazem omeletes sem ovos, é evidente, à partida, que o remédio proporcionado pelo despacho não passa de um penso rápido que, para além de ineficaz para introduzir melhorias na prestação de cuidados de saúde, arrisca-se, por falta de verbas, a nem sequer ser aplicado.
(imagem e notícia daqui)
1 comentário:
Estes tipos arranjam sempre desculpas para tudo. E muita gente engole-as.
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