Parece confirmar-se a realização, no próximo dia 10, de um encontro entre Cavaco Silva e um grupo de ex-ministros da Finanças, já qualificado, bem apropriadamente, como a "brigada do reumático". Não obstante concordar com a designação, prefiro, contudo, incluir os referidos ex-ministros no rol dos "padres da vinagreira" de que fala Frei Bento Domingues. Pois não é verdade que aqueles, à semelhança destes, mais não fazem do que meter medo e contribuir para criar um clima de depressão colectiva?
Dizem por aí que o encontro se destina a debater o tema dos grandes investimentos públicos. Ora, não creio que tal vá ser o objecto da reunião e por duas razões. À uma, porque a questão dos investimentos públicos (grandes ou pequenos) é do foro e da competência do Governo (que, por isso, terá de responder por eles) e não da Presidência da República. Não tem, pois, Cavaco Silva legitimidade para meter o bedelho no assunto, nos termos da Constituição que ele tantas vezes invoca. É verdade que muitas vezes, em vão. Mesmo assim, sobra-me, em todo o caso, uma outra razão e com muito maior peso: tratando-se de uma reunião entre o "pai do monstro" (Cavaco Silva, segundo Cadilhe) e ex-ministros das Finanças, todos, em maior ou menor grau, responsáveis pelo descontrolo das contas públicas, o mais natural e, logo, o mais provável é que aproveitem o ensejo para fazer um "mea culpa" colectivo.
Dito isto, só espero que não batam com a mão no peito com tanta força, nem façam tanta penitência quanto a requerida pela gravidade das faltas, pois não desejo que saiam da sessão penitencial a necessitar de tantos cuidados médicos que ponham em causa o Serviço Nacional de Saúde. Que, por essa forma, ou por outra, lá capazes disso são eles!
E de muito mais.
E de muito mais.
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