Já se sabia que o destino da moção de censura apresentada pelo PCP e hoje debatida no Parlamento, era a sua rejeição, pois contava à partida com a oposição do PS e com a abstenção do PSD e do CDS.
Em boa verdade, também não era intenção do PCP vê-la aprovada, nem derrubar o Governo, por essa via. Tal resulta claro se se atender ao facto (bem original) de o texto da moção conter críticas dirigidas ao PSD, partido de cujos votos dependia a aprovação. Este é, pois, ponto assente.
O que o PCP pretendia, com a sua iniciativa, seria, no curto prazo, mobilizar as suas gentes para a próxima manifestação da CGTP e, a longo prazo, capitalizar o descontentamento. O discurso do líder parlamentar do PCP "a luta continua lá fora, nas empresas e locais de trabalho, nas praças e avenidas" não deixa margem para dúvidas.
Dúvidas tenho eu, e grandes, sobre se esta iniciativa teve ou terá alguma utilidade, mesmo do ponto de vista do partido autor da moção. Na verdade, uma sondagem hoje vinda a público revela ( ver quadro ao lado) que, mesmo em época de crise e com novas medidas de austeridade em marcha, as intenções de voto no PCP decrescem.
Não é caso para admirar. Para além da retórica que não lhe falta, pergunta-se: que credibilidade tem hoje um partido que se revia num "Sol da Terra" que já se extinguiu (URSS); que é incapaz de avançar com qualquer programa com um mínimo de viabilidade, face às forças políticas e económicas em presença no mundo de hoje e aos movimentos sociais; e que não tem outro modelo para oferecer que não seja o de uma Cuba onde está proscrita a palavra liberdade, o de uma China dominada por um capitalismo de estado com níveis de exploração que envergonhariam o mais retrógrado capitalista, ou o de uma Coreia do Norte governada por um louco que deixa morrer a sua população à fome?
Quem é que, no seu perfeito juízo, se dispõe a embarcar numa tal nave de "loucos"?
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