segunda-feira, 14 de março de 2011

Duplicidades

A ser verdade a versão posta a circular de que o primeiro-ministro não deu cavaco a Cavaco Silva sobre as negociações com a UE e o BCE relativamente às novas medidas de austeridade julgadas necessárias por Bruxelas (e pelo Governo) para acalmar os mercados financeiros, para aliviar os juros da dívida pública e para assegurar a obtenção de novos financiamentos para a economia portuguesa, teria sido preferível que José Sócrates tivesse tomado outra atitude, mesmo sabendo-se que, da parte de Cavaco Silva, o Governo nada pode esperar, dada a dúplice atitude de quem tão depressa promulga um diploma, como logo a seguir se solidariza com quem contesta as medidas nele contempladas, quando não é o próprio a incentivar a contestação, como aconteceu, durante a campanha eleitoral, com as medidas relativas ao financiamento das escolas privadas, medidas que, alegadamente, foram objecto de negociação com a Presidência da República. E teria sido preferível, porque José Sócrates teve na mão uma excelente oportunidade para demonstrar que, enquanto Cavaco prega a cooperação institucional, é o Governo quem a pratica.  Sócrates, sendo verdadeira aquela versão, terá assim perdido o ensejo de dar uma lição a Cavaco Silva e foi pena.
A duplicidade, porém, não é exclusivo do PR. De facto, não falta quem, usando dois pesos e duas medidas, teça críticas a Sócrates, a propósito do caso, mas ignore a quebra de solidariedade institucional por parte de Cavaco Silva que, no mesmo discurso (o da tomada de posse) comete a proeza de reafirmar "o compromisso de cooperação", para simultaneamente o negar, ao traçar um diagnóstico da difícil situação do país, imputando-a implicitamente à responsabilidade exclusiva do actual Governo, ignorando responsabilidades próprias e toda a envolvente derivada da crise internacional que, para Cavaco, pelos vistos, tem ainda menos relevância do que a atribuída ao "abalozito de terra" pela Dra Ferreira Leite.
Como justificar os dois pesos e as duas medidas? A soberania e a legitimidade democrática só têm residência em Belém ?

1 comentário:

Anónimo disse...

É capaz de ter razão...

mas

penso deve ser mui custoso manter tal postura depois de tudo o que Venerando vem fazendo,

desde as escutas, às declarações contra a economia nacional, estas com custos elevados para o país...

os discursos de vitoria - derrota perante a abstenção presidencial

culminando neste ultimo, na AR,

em plena crise do país e no meio de uma luta empolgante contra quem queria o FMI, como remedio das suas frustrações...

com meia Assembleia, salivando-se, louca de alegria...

Repare, façamos um supunhamos:

E se Socrates se tivesse levantado do seu lugar e subindo aonde estava PR, lhe entregasse a sua demissão,

retirando-se da AR...

Um homem, mesmo PM, não é de ferro perante tudo o que do Venerando tem vindo...

digo eu... mas reafirmo, se calhar tem razão...

abraço amigo