quinta-feira, 16 de junho de 2011

A mancha fica

O facto de o Partido Socialista ter decidido (e bem) não recorrer ao Tribunal Constitucional em relação à decisão de CNE de não se pronunciar sobre a existência de eventuais irregularidades em relação a alguns votos provenientes do Rio de Janeiro, releva do simples bom senso, uma vez que os votos em questão acabariam por não ter influência no resultado final.
No entanto, o caso não deve ser simplesmente arquivado, sem mais, já que se justifica que se repense a forma  de votação em relação aos emigrantes. Já se sabia de anteriores casos que o actual sistema (voto por correspondência) é favorável ao aparecimento de fraudes. Não se percebe, aliás, por que razão é que o voto presencial é obrigatório para os eleitores residentes no país e não há-de vigorar para os emigrantes o mesmo sistema. Nem vale em contrário o argumento de que o voto presencial é mais oneroso para os emigrantes, quando se sabe que a abstenção entre os eleitores emigrantes, mesmo com o voto por correspondência, atinge valores extremamente elevados, pelo que é mais que certo que o voto presencial não alteraria a situação de forma relevante.
E também se sabe que o PS, por considerar que o voto por correspondência é pouco fiável, já anteriormente tinha tentado consagrar o voto presencial para os emigrantes. Contara, na altura, com a oposição do PSD e o posterior veto de Cavaco Silva. Um e outro, perante o caso ora ocorrido, deveriam assumir a responsabilidade pela "mancha". É que, pese embora a decisão da CNE de pôr uma pedra sobre o assunto, a "mancha" fica.

1 comentário:

S. Bagonha disse...

Quer num caso, o PSD, quer no outro, cavaco, depois de BPNs, BPPs, acções da SLN, coelhas, escutas inventadas e casos afins, mais mancha menos mancha, mais manchado do que está, dificilmente ficará. Rima e é verdade.