"(...) O mundo das "verdades reveladas" não é um exclusivo do Vaticano. Hoje, no meio dos ruídos sobre o presente e o futuro da UE, decreta-se, com a exibição de números assustadores, que não há alternativas nem correctivos a programas que, em nome de um futuro fictício, tornam o presente insuportável. A insistência em que não há alternativa é uma conhecida retórica para matar qualquer possibilidade de discussão séria e de diálogo profundo e frutuoso. É a linguagem da imposição, de criados obedientes às ordens da especulação financeira e dos seus tutores, das sempre invocadas exigências dos mercados. Os seus interesses são sagrados, intocáveis. Eles são os novos deuses. É preciso conquistar-lhes a confiança. Sacrificar tudo nos seus altares.
As agências de rating dizem quem cometeu sacrilégios, quem pecou mortalmente. É preciso confessar-lhes todos os pecados passados, mostrar arrependimento, prometer cumprir a penitência imposta. Depois disso ainda podemos continuar a não passar de lixo.(...)"
(Frei Bento Domingues, in "Público", edição impressa de domingo)
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