segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Será que, para o ministro Mota Soares, os mortos andam?

O ministro da vespa, digo, do carrão, oficialmente da Segurança Social, anunciou que as  regras de acesso ao rendimento social de inserção (RSI) vão mudar em 2012.
Para Pedro Mota Soares "Só faz sentido atribuir esta prestação a partir do momento em que todo o processo esteja instruído. Queremos que a atribuição seja feita, [quando] é assinado um contrato de inserção e os beneficiários se comprometem, perante o Estado, a cumprir um conjunto de obrigações."
Com tais regras,  "Vai-se protelar o deferimento dos processos" "pôr os mais pobres em lay-off", afirma um professor da Universidade do Porto e um outro, da Universidade dos Açores, garante que "Muita gente vai precisar de RSI e vai ficar quatro, cinco, seis meses ou mais à espera".
Ora, convém recordar, por um lado, que estamos a falar de pessoas extremamente carenciadas que precisam do subsídio para sobreviver e, por outro, que não há entre as  Instituições Particulares de Solidariedade Social uma entidade que não afirme que já não dispõe de meios para atender a todos necessitados que todos os dias vão surgindo, cada vez mais e mais.
Nestas circunstâncias, estando em causa a sobrevivência das pessoas, é óbvio que não faz sentido falar em lay off . De facto, em relação às pessoas que não têm recursos próprios, nem têm ninguém que lhes possa valer, esperar meses e meses pelo subsídio, o mais apropriado é falar em morrer à mingua. Não digo morrer à fome, para não ferir a sensibilidade do senhor ministro.
Estranho é que um ministro que faz parte dum governo que tem por lema "connosco, ninguém fica para trás" revele uma tal insensibilidade social. Será que Mota Soares julga que os mortos andam?
(reeditada)

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