Cavaco Silva, com a iniciativa de solicitar à procuradora-geral da República que procedesse a averiguações sobre a existência de ilícito criminal na conduta de Miguel Sousa Tavares (MST) ao chamar-lhe "palhaço" em entrevista ao Jornal de Negócios, acabou por arranjar lenha com fartura para se queimar.
Não faltam, com efeito, as opiniões publicadas, a desancar em Sua Excelência, em termos que vão muito para além do alegado insulto imputado a MST.
A começar em Vasco Pulido Valente (citado aqui por Ferreira Fernandes), para quem, "Sozinho, completamente sozinho, o dr. Cavaco Silva conseguiu arruinar a Presidência da República. A Presidência da República não tem hoje autoridade, influência ou prestígio", passando por Rui Tavares que, ontem, no "Público" escrevia "Depois de tanta gente ter chamado tanta coisa a Cavaco Silva, a única coisa de que Miguel Sousa Tavares é culpado é de ter produzido um insulto que Cavaco Silva conseguiu perceber", para acabar (abreviadamente) num escrito de Pedro Tadeu, hoje, no DN onde afirma que "Com Cavaco Silva a degradação agravou-se. Ele falhou nas suas funções presidenciais básicas: contribuiu, com parte da classe política, para a perda da independência económica do País; fez vista grossa a constantes e variadas agressões à Constituição; foi complacente com os atropelos ao normal funcionamento das instituições democráticas e às ameaças à unidade do Estado que ocorreram, frequentemente, na ilha da Madeira" e relembra factos que o visado preferiria ver caídos no olvido, afirmando, a tal propósito, que "O político Cavaco Silva descredibilizou-se: o seu gabinete meteu-se em conspiratas contra o primeiro-ministro Sócrates; ele próprio foi confrontado na imprensa com a compra de uma casa e uma ligação ao BPN que afetou a sua reputação; viu políticos que o acompanharam serem suspeitos de crimes; afastou-se do povo ao queixar-se faltar-lhe dinheiro para despesas; não desmente ter entrado em conflito com o Conselho de Estado por causa do comunicado final".
Afirmações como estas só podem ser encaradas como um reflexo, na opinião publicada, daquela que é, por estes dias, na opinião pública, a imagem de Cavaco Silva e, pelos exemplos citados, pode facilmente concluir-se que, se Cavaco Silva quiser reincidir no procedimento ora encetado contra MST, não vai ter mãos medir. Nem ele, a requerer averiguações, nem a procuradora-geral da República a instaurar processos.
Dito de outra forma: se Cavaco Silva enveredar pelo idêntico caminho é mais que provável que também a ele se venha a aplicar o dito "Foi buscar lã e saiu tosquiado". Numa tal eventualidade, até a renúncia pode ser uma boa saída.
Desde logo, para ele, porque a situação não pode deixar de ser-lhe penosa. E para o país, obviamente, pois está perante uma Presidência que, mais que inoperante, é conivente com a actuação incompetente e desastrosa do actual (des)governo.
Desde logo, para ele, porque a situação não pode deixar de ser-lhe penosa. E para o país, obviamente, pois está perante uma Presidência que, mais que inoperante, é conivente com a actuação incompetente e desastrosa do actual (des)governo.
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