segunda-feira, 18 de maio de 2015

"Missão cumprida?"

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Antes de tudo, o facto de ter sido necessário um resgate em 2011, na sequência de um período de governação socialista, não confere qualquer selo de qualidade automático à ação da coligação PSD/CDS nos quatro anos que se seguiram. São coisas diferentes e o discurso do regresso ao passado mais não é do que o recurso a uma forma básica de alarmismo. Mas vamos aos números. Ao grito de "missão cumprida" da coligação deveria corresponder o cumprimento do cenário macroeconómico estabelecido no memorando de entendimento. Ou a ultrapassagem dessas metas, como chegou a vaticinar o primeiro- ministro.

Tomando como referência o ano de 2014, o crescimento do PIB ficou pelos 0,9% quando a meta era 2,5%; o défice atingiu os 3,7% quando o previsto eram 2,3%; a dívida ascendeu a 130% do PIB quando deveria estar já nos 115%; e o desemprego andou bem acima dos 13% (apesar da emigração e dos estágios), quando se projetavam apenas 12%. Por outras palavras, o Governo da missão cumprida falhou todas as metas da troika, apesar do brutal aumento de impostos.

Há ainda uma bandeira de que a coligação se apropriou: o regresso aos mercados. Sem dúvida muito positivo para o país, que reentrou assim na normalidade do financiamento da sua dívida, com taxas de juro comportáveis. Mas também aqui importa repor a verdade dos factos. O obreiro deste feito dá pelo nome de Mário Draghi. Foi o presidente do BCE que, contra a vontade da ortodoxia germânica tão elogiada por Pedro Passos Coelho, deixou claro aos mercados que compraria dívida na quantidade necessária para impedir a escalada dos juros. O resultado foi a queda das taxas para níveis historicamente baixos em toda a Europa, o que beneficiou também Portugal.

Numa iniciativa do presidente da República, foi apresentado na sexta-feira um estudo que revela que 70% dos jovens com idades entre 15 e 24 anos admitem deixar o país para progredirem nas suas vidas. Missão cumprida?!»


José Mendes (na imagem): "Missão cumprida?". Na íntegra: aqui. Destaques meus)

1 comentário:

Anónimo disse...

Não tenho dúvidas que os estarolas consideram ter cumprido a sua missão de destruir o país. E estão satisfeitos. obviamente.