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Não é sério dizer-se, à esquerda do PS, que afinal Costa quer mais do mesmo, desvalorizando a diferença de prioridades. À direita, também não é séria a ameaça do regresso de Sócrates. António Costa já deu muitas provas de que não é igual a Sócrates. O próprio método que está a seguir é diferente e é inovador: oferecendo ao escrutínio público, com tempo, as bases do que virão a ser as suas propostas e apelando à participação pública na sua discussão.
Não há dúvida de que há uma opção a fazer. O PS terá de tornar bem clara, antes das eleições, qual é a sua. Seria bastante útil para o debate democrático que à esquerda do PS se explicassem melhor as consequências das roturas que se defendem e que caminho deveria ser seguido por um Governo de esquerda. A experiência do Syriza, que continua a debater-se com a ortodoxia de Bruxelas e dos credores, aconselha naturalmente alguma prudência e sobretudo um dever de verdade perante os eleitores.
Estou convencida de que o debate eleitoral terá de se centrar nestas várias leituras das prioridades que cada um defende e no caminho mais viável para lá chegar. Pela minha parte, penso que não devemos desistir da “quadratura do círculo”, pois acredito que só contando, ao mesmo tempo, com os quatro vértices acima esquematizados poderemos alcançar uma estratégia financeiramente sustentável e socialmente mais justa. Se todas as portas se fecharem e se continuarmos, com a mesma cegueira, a olhar para o défice e a dívida como o pai e a mãe do nosso futuro, Portugal cairá num declínio já em curso e com custos insuportáveis. Mas se prometermos sair do euro sem explicar o que se faria em seguida e o que isso implicaria para Portugal também não vejo como podemos progredir.
É isto que gostaria de ver discutido por todos os sectores políticos, e não as habilidades tontas a que temos assistido, com o PSD a pretender arranjar uma espécie de “Comissão Nacional dos Programas Eleitorais” para o exame prévio de tudo o que as oposições se atrevam a contrapor ao catecismo oficial. Estarão convencidos de que afinal eles é que são os donos disto tudo? »
[Helena Roseta (na imagem supra): "A quadratura do círculo". Na íntegra aqui .Destaque meu]
1 comentário:
Se não é igual ao outro... parece que se encontrou com os mesmos, os reais donos disto tudo, e toca a gastar e a distribuir mais algum, na base de teorias cujo resultado não se tem certeza nenhuma mas, "nO problemO" se der para o torto (novamente) mais uma dose de Troika porque os contribuintes querem-lhes entregar o resto do SNS e todos os outros restos que por aí ainda houverem... e em vez de parte das reformas, vai tudo até ao tutano... ainda não percebi que raio de teoria económica dá o que pede emprestado para depois pagar com juros... e eu nem me devia ralar com isto, não tenho reforma e, pelo andar da carruagem, mais uns anitos com estas "sumidades" e acabo por vir a não ter nenhuma.
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