domingo, 3 de maio de 2015

"No limite, a prisão por dívidas"

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8. A “direita” hoje chama-se “realidade”, e não há arrogância maior, nem maior prosápia do que essa. Não só são donos da “realidade”, que só a eles cabe definir, como, mais do que isso, eles são a própria “realidade” incarnada. Isto significa que as suas políticas são as únicas possíveis e não há alternativas. O seu quadro impositivo, a que todas as políticas se tem que conformar, é uma variante pouco complexa de uma folha de Excel, um “modelo macroeconómico” cujas variantes são apenas as permitidas pelo pensamento único do “economês”. Não é neutro, significa interesses. Na prática, significa para Portugal (ou a Grécia) apenas “pagar aos credores”, atitude benévola se a dívida pudesse ser paga sem ser pela tísica do pagador ou a morte a prazo do devedor. Resta, no limite, a prisão por dívidas. Tudo isto é um absurdo e, como de costume, uma história bem mais complicada do que aquela que nos contam. (...)
(José Pacheco Pereira; Os estragos na cabeça)

Num longo texto que recomendo e de que extraio este parágrafo apenas para abrir o apetite para a sua integral leitura, José Pacheco Pereira mostra como os europeus têm vindo a ser de tal forma manipulados que a democracia está em vias de se transformar numa caricatura, se é que não está já reduzida a uma simples paródia.

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