sábado, 4 de julho de 2009

Indignações selectivas

Não contesto o direito do Presidente da República de juntar a sua voz (como se lê aqui) ao coro dos indignados com o comportamento do ex-ministro da Economia no debate do Estado da Nação, até porque também alinhei nesse coro .
O que não lhe reconheço é autoridade política (ou moral que para o caso tanto faz) para se pronunciar sobre este caso quando é verdade que não é primeira vez que se assiste no plenário da Assembleia da República à prática de actos tanto ou mais indecorosos e sempre sem qualquer reparo de Sua Excelência. Cita-se aqui, por ser um caso extremo, o do deputado do PSD que, dirigindo-se a um seu par da bancada do PS o mandou repetidas vezes " para o c.....".
E menos autoridade lhe pode ser reconhecida quando é sabido que nunca se ouviu da sua parte a mais leve censura dirigida ao desbocado presidente do Governo Regional da Madeira que passa a vida a insultar, com a terminologia mais soez, todos quantos se lhe opõem, incluindo o primeiro-ministro e, sendo caso disso, até o "senhor Silva". Em relação àquele, o comportamento do PR é ainda mais censurável politicamente, pois ao visitar, há tempos, a região Autónoma da Madeira não só silenciou qualquer reparo a A.J.J. como, em boa verdade, até deu cobertura aos sucessivos desmandos daquele, ao sujeitar-se a não ser recebido na Assembleia Regional, por imposição do "napoleãozinho" madeirense e ao comprometer-se com os rasgados e perfeitamente descabidos elogios que, na ocasião, lhe fez.
Concluo: lamentavelmente, na minha óptica, o PR, de há uns tempos para cá, vem agindo, não como Chefe de Estado, mas como chefe de claque. A opção é dele, mas não é sem consequências: Como chefe de claque dificilmente se aguenta no pedestal!

3 comentários:

Anónimo disse...

Claro, tem toda a razão, não havia motivo por causa dos corninhos para ir borda fora.

Aquilo é uma atitude de bom cristão ( César das Neves até o defendeu!) e é de uma candura irreprimível, própria de quem, nem capaz seria de ter lábios para pronunciar indecências como aquela que citou e ... vá para o c. fd-se etc, sim, porque isso é que mostra uma alma suja.

Pinho, fez aquele gesto "soft" de quem faz de conta que é um tourinho a investir, pois que só um tourinho tem aqueles belos corninhos, já que os adultos esses, sim, possuem gaitas ou chifres como os boieiros dizem.

Não concordo. Um homem que, a maior ofensa que consegue fazer, foi dizer que o outro tinha que comer muita papa maizena, é de uma delicadeza extrema.
Sim, se ele quisesse chamar ou pôr os ditos corninhos no outro destinatário ou chamar-lhe o correspondente estatuto, teria baixado os anelar e médio, ou se quisesse fazer-lhe um gesto feio, isto é, mesmo feio a valer, fazia o que fazem muitos automobilistas (e até elas) com um deles bem espetado.
Mas não:
Fez aquele gesto que me levou a recordar quando tinha 4 ou 5 anos e que me fez a minha avó para me assustar brincando.
Uma doçura recordar tal cena que nunca esqueci a par de tantas outras brancas.

Obrigado Manel.
Se calhar merecias, mas por outras maneiras ou motivos. Nã sei!
Foste vítima do politicamente correcto e foram ingratos.
Tens a minha solidariedade.

O Berlusconi faz bem pior e continua como primeiro ministro. Mas isso é lá perto de Roma e de Sua Santidade.
Aqui falta-lhes o senso de humor.
Dolores da Silva (num excerto de prosa)

capitolina disse...

É. O Presidente anda com qq carência...Não vai começar a tal silisízan?... Este ano, com eleições e eleições não dará, mas lá k anda no ar o refugo das tílias, lá isso anda!...

Anónimo disse...

Tem toda a razão quanto à postura da classe política daquelas bandas ao tolerarem os desmandos do AJJ da Madeira, cuja gravidade é incomensuravelmente muito maior (na linguagem desbragada, no tom acintoso e no demais que se sabe).

De facto, Manuel Pinho é um anjinho à beira daquela alma penada.
Edilson Ramos