Ainda se pode compreender que a Drª Ferreira Leite, durante a campanha eleitoral tenha pintado, em nome da "Verdade" à moda dela, um cenário negro sobre a situação económica do país. (Digo "Verdade" à moda dela, porque continuo lembrado que, para a senhora, a maior crise económica mundial não passou de um "abalozinho de terra" e uma tal afirmação tem tudo a ver com "Verdade", como é sabido.)
Agora, o que já não dá para entender é que a líder do maior partido da oposição, ao mesmo tempo que viabiliza o Orçamento de Estado, alegando fazê-lo em nome do interesse nacional, se atreva, perante um auditório composto por personalidades extrangeiras, reunidas em almoço na Câmara de Comércio Luso-Francesa, a fazer uma comparação entre a situação de Portugal e da Grécia, afirmando que Portugal está “rigorosamente no mesmo caminho” da situação da Grécia em termos económicos e que, se nada for feito, em dois anos poderá ficar em situação idêntica ou pior. Isto, quando, ainda não há muitos dias, Cavaco Silva, puxando dos seus galões de economista, garantia precisamente o contrário. De acordo, aliás, com os dados disponíveis, quer no que respeita ao défice público (em Portugal 9,3%, contra 12,7% na Grécia) quer relativamente ao endividamento externo que, na Grécia, é superior a 120% do PIB e que, em Portugal, não chega aos 80%.
Já se sabia que a senhora tinha tendência para fazer de Medina Carreira de saias, só que, em matéria de irresponsabilidade, a senhora ultrapassa-o de longe, pois, como líder do PSD tem outras responsabilidades que Medina Carreira não tem. No mínimo, é-lhe exigível que não ponha em causa "a imagem do país no exterior".
Mesmo que a sua credibilidade no exterior não seja lá grande coisa, certo é que as suas declarações, nas circuntâncias de tempo e de lugar, em que foram proferidas, em nada beneficiam o país. Quem, eventualmente, pode ganhar são as agências de rating e os especuladores que, por certo, agradecem. O que não sei é se pagam comissões.
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