terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Em cada enxada uma arma !

Ninguém contesta, julgo eu, a importância da agricultura como actividade econónima, nem o relevo que deve ser atribuído à constituição de reservas alimentares através da produção nacional, mas ao dar-lhe uma tal relevância,  Paulo Rangel dá provas de ser um homem do passado e sem perspectivas do que são os desafios do futuro, porque a realidade é que a actividade agrícola não representa senão uma pequeníssima parcela no todo da produção nacional, sendo que, nos dias hoje, em plena globalização, a ideia de reserva estratégica alimentar está longe de ter o significado de outros tempos em que a internacionalização das economias nacionais, incluindo a portuguesa, não tinha atingido os níveis hoje existentes. Tendo isto em conta, cumpre dizer que fazia mais sentido a "campanha do trigo" do tempo de Salazar do que as ideias de P. Rangel em matéria de agricultura, nos dias de hoje.
Parece evidente, até para um leigo nestas matérias, que, embora não se deva descurar o desenvolvimento da agricultura, as maiores apostas se devem, no entanto, concentrar nos outros sectores da economia, designadamente nas novas tecnologias e nas indústrias de ponta, não só porque são mais dinâmicos e com mais elevada produtividade, mas também porque os serviços e a indústria são  os sectores em que se ocupa a grande maioria da população activa, pormenor que não é despiciendo,  quando se sabe que um dos grandes dramas do presente é o aumento do desemprego.
Com um "exército" só formado por agricultores, o "comandante" Rangel não iria longe, tendo em conta não só o reduzido número de efectivos, como os índices de produtividade e eficiência dos novos "soldados".
Estas considerações, julgo eu, estão ao alcance de qualquer pessoa de bom senso. Que, de todo, parece faltar a Paulo Rangel a quem já estou a ver à frente de um exército armado de enxadas. E de picaretas, que também se arranjam. Eu mesmo posso emprestar as minhas. Capacete é que não tenho. E o "comandante" Rangel, com uma tal estratégia, bem precisaria dele.
(Imagem daqui)

3 comentários:

Anónimo disse...

Amigo,
Você não quis perceber e brinca com coisas sérias.
O que qualquer Rangel dirá é que é preciso inverter a tendência hoje preponderante em Portugal de ficarem os campos incultos e o país a importar alimentos que poderia produzir.
Temos menor produtividade? temos! Claro que você acha que é melhor comprar aos franceses ou aos africanos e exportar parafusos electrónicos... tudo bem, os chineses fabricam disso ao preço da chuva... e quando houver uma crise nem arado tem para semear umas coisas porque embora tendo terra já nem sabe cultivar nem tem ferramentas.
Isto é um modo exagerado de dizer? É.
Mas com a pesca vamos na mesma. Para quê pescar se ali em Espanha ou, ou ... o peixe é mais barato e eles têm maior produtividade.
Por esse andar, com a nossa costa a servir de viveiro da biodiversidade e os espartalhões dos outros a pescarem, os "nossos" mares de pouco nos servem.

O ano passado as importações de peixe custaram ao país MIL MILHÕES DE EUROS (ver Público - economia de hoje).
Não sei se sabe, mas os portugueses têm vindo a pescar menos porque as quotas "dadas" pela CE diminuiram, mas há outras causas!
Vamos para a electrónica, claro!
Claro que TAMBÉM temos que ir por aí, MAS NÃO SÓ, entendamo-nos.
Atentamente
Abel Ferreira

Quint disse...

Bom, parece-me que as preocupações de Paulo Portas com a lavoura e os lavradores vão encontrar aqui rival à altura!
Embora, cultivar as terras que para aí temos ao abandono até pudesse ser coisa a considerar.

Francisco Clamote disse...

Meu caro:
Se bem entendo o que escrevi, o que está em causa, são as prioridades de P. Rangel, em relação às quais estou em desacordo. Em nenhum passo afirmo que não se deve investir na agricultura ou, já agora, nas pescas.