Se até o insuspeito economista Vítor Bento não consegue perceber o porquê das transferências financeiras para a Madeira, uma vez que esta "tem um rendimento 'per capita' superior a muitas regiões de Portugal" e considera, por isso, que a "Madeira é que devia ajudar as regiões mais pobres de Portugal", não é difícil compreender a razão por que o Governo não quer alterar a Lei das Finanças Regionais.
Também não custa entender a insistência do PSD na alteração da lei, uma vez que se sabe que o PSD é, de há muito, refém de Alberto João Jardim. Já custa a compreender, no entanto, a posição dos restantes partidos da oposição parlamentar a começar pelo Bloco de Esquerda que, pela voz de Louçã, declara que "o Governo tem sido despesista e tem perdido todo o rigor em relação à região da Madeira" mas que, ao mesmo tempo, se prepara para, fazendo coro com o PSD e demais partidos, aprovar uma alteração legislativa que, sejam quais forem os seus contornos finais, acabará sempre por redundar na entrega ao Alberto João de mais uns milhões à conta dos contribuintes do continente. O mesmo se diga do CDS que aparece a fazer de bombeiro, avançando com propostas de entendimento, que, no entanto, se traduzem em transferências da ordem dos 50 milhões de euros. Isto, pelas contas do "bombeiro" Paulo Portas. E já não falo do PCP, cuja posição simplesmente não entendo, porque não estava a ver o PCP colado ao Alberto João. Essa é, todavia, a conclusão a tirar da declaração, segundo a qual o PCP "continua a identificar-se com a proposta" da Madeira.
Estão, pois, reunidas as condições para assistirmos, de novo, à formação de mais uma coligação negativa que, a ser verdade que a proposta de alteração vai ter um custo de 880 milhões de euros, bem justifica, em período de vacas magras e em que vão ser pedidos sacrifícios aos portugueses, uma reacção forte por parte do Governo.
Ao que se afirma aqui, essa reacção pode ir até à demissão do Governo.
Reacção excessiva ? Eu diria que sim, se este fosse um caso isolado. No entanto, com tanto esticar da corda, não sei se não é melhor que a corda parta de vez. E já. Até porque se me afigura, face ao comportamento das oposições, que um governo minoritário, em tempo de vacas magras, simplesmente não dá.
E depois ? Depois, seja o que Zeus quiser.
(Também aqui)
E depois ? Depois, seja o que Zeus quiser.
(Também aqui)
2 comentários:
Oxalá o governo não ceda, mas tenho dúvidas... Morrerei sem nunca entender o medo dos partidos àquele indivíduo malcriado.
O que eu ainda não entendi foi porque ninguém nos apresenta um quadro, uma mísera folha de cálculo que seja, com as contas das várias versões de lei de finanças regionais que por aí andam.
Por mim, em vez duma lei de finanças regionais, dê-se a independência à Madeira!
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