O PSD não há maneira de acertar, desde que Durão Barroso se pôs a milhas. Depois das experiências traumatizantes resultantes da passagem pela liderança do partido de Santana Lopes, de Marques Mendes e de Filipe Menezes, surgiu à frente dos destinos do PSD, com o alto patrocínio e a preciosa ajuda de Belém, Manuela Ferreira Leite, apresentada urbi et orbe como a seriedade em carne e osso, com a missão de redimir o partido dos seus sucessivos falhanços e alcançar de novo o poder. E a senhora foi tão séria, tão séria que até inventou, sem qualquer pudor, a "Política de Verdade", apresentando-se como a única detentora da dita, e nem pestanejou para lançar a absurda teoria da "asfixia democrática". Uma e outra foram derrotadas nas últimas eleições legislativas, não obstante a ajuda vinda de Belém com a inventona das escutas. A própria Ferreira Leite, na sequência da derrota eleitoral, não tardou a ser empurrada da liderança para dar lugar ao inexperiente, mas tido por bem-falante, Passos Coelho. Este e a garotada de se que rodeou pouco mais têm feito que não seja transformar o PSD numa cacofonia que ninguém entende, prometendo agora uma coisa e logo outra, prova mais que provada da sua imaturidade que é mãe da irresponsabilidade mais completa de que tenho memória. E se dúvidas havia sobre a irresponsabilidade que reina na São Caetano, bastaria assistir ao que ontem se passou, na Assembleia da República, com a inviabilização das medidas incluídas no chamado PEC IV, acordadas com Bruxelas e com o Banco Central Europeu, como forma de evitar o recurso ao FMI e as consequências ainda mais gravosas associadas à entrada do Fundo, com o PSD a votar ao lado do PCP, BE, PEV e CDS todas as moções de rejeição. E foram cinco. É obra !
A cacofonia está, porém, a tornar-se insuportável. Tão depressa exigem, para viabilizar o Orçamento de Estado, mais cortes na despesa pública, porque consideram intolerável o aumento de impostos, como logo a seguir, adiantam, para explicar a rejeição do PEC, que o corte nas despesas é injusto, para, horas depois da votação, virem dizer, como se já fossem Governo, que optam por aumentos nos impostos sobre o consumo, avançando com a possibilidade de nova subida do IVA, que poderá aumentar para 24 ou 25 por cento para evitar o congelamento das pensões mais baixas e o corte nas mais elevadas*. Ora, o IVA é consabidamente o imposto mais injusto que se conhece, pois afecta toda a gente, ricos pobres e remediados, embora os penalizados mais duramente, sejam precisamente os mais desfavorecidos, porque são os que dispõem de menos disponibilidades e os que não podem reduzir o consumo já de si limitado aos bens essenciais. Até se compreende o porquê da opção: O IVA é o imposto que mais depressa assegura o aumento das receita fiscal, mas, por favor, não venham com a história de que não aceitaram o PEC porque continha medidas injustas. Quanto a preocupações com a justiça social, ao optarem pelo aumento do IVA, ficamos conversados.
*Estranha forma de realizar a justiça, esta que consiste em evitar o corte das pensões mais elevadas! Partindo donde parte, já nada me admira.
1 comentário:
Como aposentado ao fim de quarenta anos de trabalho e de descontos, tenho direito a uma pensão.Embora a minha pensão esteja longe de ser uma pensão dourada, como há por aí muitas, atribuídas pelo Banco de Portugal e outas entidades a políticos e ex-políticos como Bagão Félix, Campos e Cunha e tantos outros, não tenho razão de queixa. Devia estar grato ao PSD pela preocupação em evitar cortes nas pensões e estou pela parte que me toca. No entanto, mais grato ficaria se o pessoal dirigente do PSD, se mostrasse capaz de maior responsabilidade. Reprovar o PEC,nesta altura é mais do que irresponsabilidade. É quase insanidade mental, pois estão a jogar com a vida dos portugueses.
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