Que em Portugal, na Europa e no mundo, em geral, se vivem momentos difíceis não é novidade para ninguém. Não se pode, pois, dizer que as manifestações que hoje tiveram lugar um pouco por todo o país, inspiradas pela dita "geração à rasca", tenham trazido algo de novo ao conhecimento do país. Ainda assim, as manifestações, que acabaram por ter um carácter intergeracional, com a participação de jovens, adultos menos jovens e crianças, sempre tiveram o mérito de demonstrar que a sociedade civil tem capacidade de mobilização e vontade de intervenção. Mas não sei se o escasso mérito da intervenção não é suplantado pelos equívocos que estiveram na base da convocação e pela inconsequência das manifestações. De facto, se os seus promotores se consideram a geração mais qualificada que o país já conheceu, não se compreende que tal geração não tenha sido capaz de ir além do protesto (contra quem?) apresentando soluções para os seus problemas geracionais e, já agora, para os problemas do país que também são os seus. O que sobrou do protesto, se bem compreendi, foi uma mão cheia de nada.
Diga-se, em abono da verdade, que a inconsequência não é exclusivo da "geração à rasca". Inconsequente é também a geração do Presidente da República que faz um discurso de bota-abaixo e não deita abaixo ninguém, nem coisa nenhuma. E o mesmo se pode dizer da geração de Passos Coelho que zurze nas medidas apresentadas pelo Governo (e aceites em Bruxelas) para enfrentar as dificuldades derivadas das altas taxas de juro que afectam a dívida externa portuguesa ( soberana e não soberana), mas que, no momento da verdade, se mostra incapaz de derrubar o Governo, apresentando, ou votando uma moção de censura, própria ou alheia.
A "geração à rasca" em matéria de inconsequência, está, pois, muito bem acompanhada por outras gerações que, diga-se, estão, pelo menos, tão " à rasca" quanto aquela.
De gerações "à rasca" estamos, pois, muito bem servidos. O que faz falta é uma geração que "arrisque". Se existe por cá, ainda não se viu.
2 comentários:
gerações bem amamentadas
nunca se querem desmamadas
não há gerações
há hordas de indivíduos apegados
previlégios e a chavões vazios e a falsas expectativas e ideias
do que é educação
Chamando pelos nomes como deve ser.
Totamente de acordo.
Um abraço, Francisco.
PS: Vou partilhar para o FB.
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