É verdade que tem sido à custa das medidas de austeridade, mas também não é menos verdade que a execução orçamental tem corrido bem e bem melhor até do que o previsto no Orçamento, com as receitas fiscais a subirem 11,1% até ao final de fevereiro, a despesa pública com uma redução superior a 3% e com o défice do subsector Estado com um valor três vezes inferior ao verificado em igual período do ano anterior.
Não me custa admitir que é nestes excelentes resultados que reside, em primeiro lugar, a explicação para a inflexão verificada no discurso do PSD, que, num primeiro momento, pela voz do seu secretário geral, considera positivo tudo o que o Governo faça para atingir os objectivos de reduzir a dívida e o défice, para, findo o Conselho Europeu, onde as propostas avançadas pelo Governo foram bem aceites, vir o presidente do partido mostrar-se irredutível na viabilização das alterações ao PEC.
Face à boa execução orçamental nos dois primeiros meses do ano e com o número de desempregados registados a descer novamente em Fevereiro, as campainhas na sede do PSD devem ter soado. Não vá o diabo tecê-las e partir o almejado "pote", há que actuar enquanto é tempo, terão dito as campainhas e foi dito e feito.
Só que, se a explicação for esta, e estou em crer que sim, estamos perante uma autêntica sabotagem dos esforços do Governo para consolidar as contas públicas, tornando inúteis os sacrifícios já suportados e a suportar pelos portugueses. Tudo em nome de interesses exclusivamente partidários.
Passos Coelho e o PSD vão ter que responder por isso, a menos que Pedro (e Paulo?) consigam convencer-nos de que, com menor austeridade, conseguem alcançar a consolidação das contas públicas, sem a qual não há financiamento disponível para economia portuguesa. Não estou a ver como. E eles saberão?
3 comentários:
Meu caro,
excelente,
Fiz link para "A Carta a Garcia".
Cumprimentos,
OC
Podia ser pior
Agora a razoável execução ou pseudo execução
tanto faz
não retira os parasitas da carniça semi-viva
Se a economia não crescer a alegadamente boa execução orçamental não serve de nada. Dificilmente teremos um Estado rico num país pobre...
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