Se Cavaco Silva não tivesse dúvidas em relação à idoneidade política da ministra das Finanças, não teria questionado Passos Coelho sobre o assunto. Quem pergunta, é porque desconfia. Estranho seria, aliás, que não tivesse dúvidas sobre o comportamento da ministra depois de tudo o que tem sido relatado na comunicação social a propósito da sua actuação na questão dos swaps e das declarações que a tal respeito ela tem vindo a prestar, designadamente, na Assembleia da República.
No entanto, para desconfiado, Cavaco Silva, revela-se um excessivo confiante. Contenta-se, para remover as dúvidas, com a palavra do primeiro-ministro, como se este não fosse o protótipo da pessoa que, politicamente, não honra a palavra dada e como se não tivesse havido um caso Miguel Relvas que é replicado, de algum modo, pelo que envolve agora a ministra Maria Luís Albuquerque.
No caso Relvas, as reiteradas manifestações de confiança de Coelho deram no que deram, com Relvas a acabar por sair do governo. Maria Luís Albuquerque, tudo o indica, mais cedo ou mais tarde, acabará por seguir o mesmo caminho, pois até no PSD não faltam as vozes que consideram que ela é "uma pedra no sapato" (insuportável, como se sabe, durante muito tempo) e que a sua nomeação foi "um erro".
Perante os antecedentes, é óbvio que Cavaco tem todas as razões para não acreditar nas garantias dadas por Passos Coelho. Todavia, por razões que a razão desconhece, faz de conta que confia. O que também parece evidente é que quem assim procede não é digno de confiança. E de facto, por alguma razão, a confiança no governo e no presidente da República anda pelas ruas da amargura.
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