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Fala-se do irrealismo do programa do Syriza como se o programa de ajustamento grego (e já agora o português), com as suas mirabolantes metas, tivesse algum dia sido realista. Acusa-se o Governo grego de egoísmo e de só pensar nos seus interesses, como se os alemães e restantes europeus legitimamente não defendessem os seus interesses. Passos Coelho compara as ideias de Tsipras às de um "conto de crianças", esquecendo o conto do vigário que ele próprio contou aos portugueses no seu programa eleitoral.
A escolha dos gregos nas eleições de domingo foi feita à beira do precipício. Em vez de se agarrarem aos pedregulhos da Acrópole, decidiram atravessar o precipício sobre uma corda sem rede por baixo levados por um misto de desespero e orgulho. Nunca conseguirão tudo o que querem, mas já começaram a travessia. E fazem-na de cabeça erguida e isso merece todo o respeito.»
(Manuel Esteves; "A Europa não pode dar lições de realismo". Na íntegra: aqui)
2 comentários:
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~ Uma boa análise de ME e um oportuno e inteligente sublinhado. ~
Muito bom!
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