sábado, 14 de fevereiro de 2009

A "nova estratégia" e os "banhos de multidão"

Começo pelo fim do título: Segundo o Público PT, "Manuela Ferreira Leite (MFL) foi a Coimbra tomar um banho de multidão". Ainda segundo a mesma fonte o "banho" teve lugar no pavilhão do União de Coimbra onde estavam perto de mil militantes. Ora, se assim foi, a jornalista que subscreve a peça não deve fazer ideia do que é uma multidão, e muito menos do que é um "banho". Uma "multidão" constituída por "perto de mil militantes", num pavilhão cheio de mesas, não dá para molhar os pés, quanto mais para tomar um "banho".
E o que disse a senhora?
Ainda segundo o mesmo relato, o essencial do discurso esteve na capitalização do descontentamento social, tendo Ferreira Leite acusado "Sócrates de "hostilizar" e "humilhar" professores, juízes, militares, agricultores, funcionários públicos, e de, a propósito da promessa de medidas fiscais, entrar na "nova moda de dividir os portugueses entre ricos e pobres", num discurso "muito perigoso em altura de crise".
Confesso a minha perplexidade.
Se a prometida "nova estratégia" do PSD e de MFL é esta, então sou forçado a constatar que a estratégia não só não é nova, como já está gasta. Com efeito, MFL não tem feito outra coisa que não seja a de se curvar perante os interesses das organizações profissionais, continuando a adulá-las, julgando tirar dessa atitude dividendos eleitorais.
Utilizando a sua própria terminologia, eu diria que esta estratégia é mesmo "muito perigosa". É que, com este discurso, MFL e o PSD estão a ficar reféns das "corporações" e se, por um bambúrrio da sorte (longe vá o agoiro) ela chegasse a constituir governo, era o Estado quem ficaria também nessa situação, pois as "corporações" não deixariam de reclamar o cumprimento das promessas e a satisfação das suas reivindicações. Seria o regresso, em toda força, do Estado corporativo e, em certo sentido, a nova versão seria pior do que a primeira. Por uma razão simples: No tempo da "outra senhora" o Estado era Corporativo, mas era o Governo quem mandava nas Corporações. Na nova versão, seriam as corporações a mandar em Manuela Ferreira Leite.
Perigoso, muito perigoso mesmo. Repito eu.

2 comentários:

A. Moura Pinto disse...

Que se banhe muito. Depois dos banhos, há que secar. Ainda mais...

mdsol disse...

Balhamedeus! Ninguém pode dar o que, manifestamente, não tem! (digo eu ....)
:)))