domingo, 18 de outubro de 2009

Marcelo tira mais um coelho (salvo seja) da cartola

Dou por assente que Marcelo Rebelo de Sousa pretende vir a ocupar o lugar de presidente do PSD, conclusão que se tornou evidente a partir do momento em que Marcelo afirmou ir ponderar a possibilidade de se candidatar ao cargo.Perguntar-se-á então por que razão não assume essa intenção, seguindo o exemplo de Passos Coelho, que já o fez ?
Suponho que ainda o não terá feito, porque não está interessado em correr o risco de ter de enfrentar um ou mais concorrentes e de, eventualmente, perder a eleição, porque se tal suceder, a sua carreira política terá chegado ao fim e a sua alegada ambição de vir a ser candidato a Presidente da República ter-se-á esfumado de vez.
Esta suposição encontra algum suporte em dois dados de facto, a saber:

I. Até ao momento, a única candidatura já em acção é a de Pedro Passos Coelho que, após as últimas directas, de que saiu derrotado, embora por não larga margem, nunca mais abandonou o combate político dentro do partido e tem, por isso, as suas "tropas" devidamente alinhadas no terreno. Ao invés, Marcelo, com excepção da última campanha para as legislativas em que apareceu por diversas vezes ao lado da actual líder, tem mantido algum distanciamento em relação ao partido. A sua candidatura, nestas condições, por muitos apoios que possa vir a ter no futuro, precisa de tempo para se organizar. Não admira, por isso, que ele surja a defender, de todos os modos e sem argumentos convincentes, a manutenção de Manuela Ferreira Leite à frente do partido até ao final do seu actual mandato. É um facto. Pressa, na perspectiva da sua candidatura, está fora de questão.

II. Mesmo tendo todo o tempo necessário para desenvolver a sua campanha, Marcelo não tem a certeza (e tem boas razões para isso) de que a sua eleição nas próximas directas esteja assegurada à partida. Pese embora a notoriedade de que goza, graças às suas frequentes aparições nos media e, muito particularmente, devido às suas prédicas dominicais na RTP, a verdade é que contra ele pesa o facto de a sua anterior passagem pelo cargo de presidente do PSD e de a sua saída não terem sido particularmente brilhantes. Acresce a circunstância de surgir, aos olhos de muita gente, como uma personalidade sem dúvida muito inteligente, mas também capaz de dar uma no cravo outra na ferradura, ou seja, como um "jongleur", para utilizar uma palavra não excessivamente cáustica.

Na dúvida, que faz Marcelo? Prestidigitador, como é, o Professor tira mais um coelho (salvo seja) da cartola, apresentando a ideia da realização de uma reunião de “ex-líderes ou aqueles que acham que lideram sensibilidades”. Para quê ? Para "ultrapassar 'a balcanização' no PSD, dado que há uma 'unidade ideológica e estratégica' no partido". Balcanização que, digo eu, só terminaria com o estabelecimento de um acordo tendente à apresentação de uma única candidatura: a do Professor Marcelo, esperará ele, já que é dele que parte a ideia.

A estratégia seria brilhante, se a ideia pegasse, mas duvido que tal venha a acontecer, não só porque os pressupostos de que parte (a unidade ideológica e estratégica no partido) não são verdadeiros, mas também porque há, certamente, outros interesses em jogo. Aliás, é o próprio Marcelo quem nos garante que o PSD é um "saco de gatos". Sendo assim, como espera ele evitar que os "gatos" se continuem a "arranhar", se tal, como é sabido, faz parte da sua natureza ?
(Imagem daqui)

4 comentários:

Quint disse...

Marcelo anda a ficar muito parecido com o António Vitorino. Ambos gostam muito de estar com um pé dentro e outro fora, e sempre a palpitar e a facturar!

Anónimo disse...

Eu penso que Marcelo, tal como depreendi da bricadeira dos Gatos Fedorentos, não está para ir ao jogo para meter golos mas para partir canelas...
Zé Mário

capitolina disse...

Há outro candidato prós lados de Coimbra: Castanheira Barros, um rapaz com os parafuzitos desenroscados...

capitolina disse...

ZÉ Mário, são os Gato Fedorento, no singular.
O homem já parte canelas há um ror de tempo. Nisso ele é exímio.