"O preço dos CDS sobre obrigações portuguesas a cinco anos atingiu hoje um novo máximo histórico, nos 224 pontos" e ao mesmo tempo "o prémio que os investidores estão a exigir para comprar dívida portuguesa em vez das obrigações alemãs, que são a referência nos mercados de dívida, está a subir 8 pontos base para 158,2 pontos".
Alguma explicação há-de haver para esta escalada, mas, tendo em conta o que hoje escreve o João Pinto e Castro, não me parece que a explicação resida tão só no défice elevado, pois, como João Pinto e Castro salienta, a Irlanda, com um défice mais elevado (de 12%), e sem qualquer compromisso de redução do défice abaixo dos 3% até 2013, não só não é questionada pela Comissão Europeia, como, segundo julgo, não está a sofrer idêntico ataque por parte dos credores.
As palavras do incendiário Joaquín Almudia têm certamente algo a ver com a pressão exercida sobre os títulos da dívida pública portuguesa, mas a explicação para este forte ataque terá que ser procurada alhures. Essa explicação, a meu ver, reside no facto de as agências de rating e os credores já terem interiorizado a convicção de que o Governo português, com a actual composição parlamentar, não tem condições para levar a cabo a consolidação orçamental. Por alguma razão a escalada tem vindo a acelerar a partir do momento em que entrou em discussão a Lei das Finanças Regionais. E por alguma razão também o Governo tem vindo a opor-se firmemente à sua alteração.
1 comentário:
É possível que assim seja. Aliás, não se percebeu muito bem porque quis Almunia meter tudo no mesmo saco, por exemplo.
Portugal está uma posição delicada, é certo mas a Grécia tem vindo sucessivamente a fazer "batota" e de forma descarada. Ou seja, nós estamos mal mas é porque, além da crise, efectivamente não damos para mais; os gregos sempre estiveram de rastos mas andaram a ludibriar (também falta saber como ninguém quis saber).
Seja como for, é profundamente desanimador ver Portugal com os parentes na lama por esse mundo fora graças à nossa inépcia agravada pela aparente má vontade das tais casas de "rating".
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