Se as remunerações de alguns gestores de empresas participadas pelo Estado podem ser consideradas obscenas (e, nesta época de crise, são-no justamente) o mesmo se pode dizer da maior parte das intervenções dos políticos sobre esta matéria, a começar pelos partidos à esquerda (o que não surpreende) e a acabar nos partidos da direita, com particular destaque para Paulo Portas que é aqui chamado porque a ele pertence a última intervenção conhecida sobre o assunto, na qual afirmou que “Se o primeiro-ministro pode nomear o presidente da EDP, se quiser também sabe persuadir os accionistas da EDP a um regime de remunerações e prémios contido, humilde e coerente”.
Paulo Portas revela, com esta afirmação, que, para levar a água ao seu moinho, a sua incoerência não tem limites. Na verdade, deixando de parte o facto de, enquanto governante, nunca se ter pronunciado quanto a tal assunto, Paulo Portas sabe que o Governo e o primeiro-ministro não só fizeram saber às empresas participadas pelo Estado, (EDP e PT, designadamente) que estavam em desacordo com a situação, como sabe que a Parpública e a CGD, enquanto representantes dos interesses do Estado nessas empresas se opuseram nas assembleias gerais em que essas remunerações vieram a ser votadas e aprovadas pela maioria do capital não detido pelo Estado. E, finalmente, também sabe que, num Estado de direito, há regras e que de acordo com elas, cabe aos accionistas decidir sobre a matéria, como agora fizeram, indo contra as orientações governamentais, como é seu direito.
Todavia, a maior incoerência de Paulo Portas (mas não só) nem neside neste ponto. Na verdade, o que mais espanta é que os vários partidos da oposição reclamem a intervenção do Governo nas referidas empresas, muito para além do que a lei lhe consente, quando tanta censura têm dirigido ao Governo por este estar alegadamente envolvido no frustado negócio da compra da TVI pela PT, ao ponto de continuarem a não poupar a esforços (na Comissão de Ética e agora também numa comissão de inquérito ad hoc) e também dinheiro dos contribuintes, para provar, até agora sem sucesso, esse envolvimento.
Com estas posições que se contradizem (intervenção considerada ilegítima num caso e intervenção reclamada noutro) por certo que a bota não bate com a perdigota, mas está visto que a coerência não é o forte das oposições, às quais tudo serve de pretexto, não para fazer Política (com maiúsculas), como seria desejável e louvável, mas apenas para angariar uns votos, desgastando o Governo.
E não passamos disto e, não passando, também dificilmente passaremos da cepa torta.
2 comentários:
Não estou necessariamente contra esses salários e prémios fabulossos, seja na EDP, seja nas empresas de combustíveis e gás.
Constato que essas empresas na prática são majestáticas e monopolistas ou comportam-se como se fossem, tão bem disfarçado se apresenta o cartel.
Na água ainda não lá chegamos mas tentativas tem-nas havido!
Mas estou contra que os sucessivos governos deixem passar e perdurar casos como estes:
Pagamos a electricidade senão a mais cara, pelo menos das mais caras da europa. Não sei se o salário do sr. Mexia mexe com isto.
Nos combustíveis também quando o barril aumenta , sobem logo o preço, MAS quando baixa, aí, existem stocks mais caros para escoar, esquecendo-se dos stocks mais baratos vendidos a preços mais altos. Qual entidade reguladora, qual carapuça!
No gás é mesma coisa e com a agravante de nos imporem, COM O CONSENTIMENTO DA entidade reguladora uma taxa de disponibilidade de serviço que SURGIU DEPOIS DE A LEI TER PROIBIDO O ALUGUER DO CONTADOR!!!, claro que a dita entidade reguladora já devia há muito tempo ter posto os pontos nos iis e ditado a regra que essa taxa só se justifica para quem tem a instalação e não consome...
Na REN ( a rede eléctrica nacional ) os lucros são aos milhões, PUDERA! eles não pagam os direitos de passagem pelos campos e ainda se recusam a enterrar as linhas...
Mas, as Câmaras Municipais cobram os direitos de passagam e vai cair tudo em cima do CONSUMIDOR, pobre ou rico ou desempregado.Mas há operadoras que refletem no consumidor os direitos de passagem
e passam os fios pelas paredes das casas ( quer dizer não gastam em infraestruturas e ainda por cima chutam o custo para o consumidor).
Estes pequenos nadas ajudam aos prémios fabulosos, às despesas de representação fabulosas?
Se calhar, mera coincidência.
Será que isto continua podre e viscoso?
Cumprimentos.
Ana Ramos
Sem dúvida!!! De facto toda a nossa classe política (a começar por esse senhor...) é de uma falta de vergonha na cara impressionante!! Vale Tudo...Num minuto diz que é branco, no outro já é preto, tudo na ânsia de "sacar" os votos de mais uns "incautos"...
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