terça-feira, 28 de outubro de 2014

"Chega a ser patético"

«O primeiro-ministro indignou-se com os jornalistas por, supostamente, dizerem que a despesa pública está igual a 2011: "Chega a ser patético verificar a dificuldade que gente que se diz independente tem de assumir que errou, que foi preguiçosa, que não leu, que não estudou, que não comparou, que não se interessou a não ser em causar uma boa impressão, em dizer (Maria vai com as outras) o que toda a gente diz..."

Espero que a pontuação usada por mim na tentativa de reproduzir a oralidade do tribuno das Jornadas Parlamentares do PSD-CDS seja fiel ao pensamento exarado... Adiante.
Confesso, caro leitor e cara leitora: sou um preguiçoso. Quem preguiça, pensa; logo, eu preguiço.
Vagarosamente, portanto, meditei: "Chega a ser patético verificar a dificuldade que a ministra das Finanças tem em assumir que a carga fiscal vai aumentar em 2015, que não leu, que não estudou, que não comparou, que não se interessou a não ser em causar uma boa impressão, em dizer (Maria vai com as outras) o que o primeiro-ministro quer."
O ócio recordou-me a paralisia do Citius e a tentativa de culpar uma gigantesca sabotagem ao sistema, conspirada nacionalmente pelas chefias intermédias dos funcionários públicos: "Chega a ser patético verificar a dificuldade que a ministra da Justiça tem em assumir que errou, que foi preguiçosa, que não leu, que não estudou", etc...
Poupando trabalho, analiso assim o arranque do ano escolar: "Chega a ser patético verificar a dificuldade do ministro da Educação em não errar, em assumir que é preguiçoso, que não lê, que não estuda, que não compara, que não se interessa a não ser em causar uma boa impressão..." Perfeito, não é?
Resolvo também cabular sobre as garantias dadas aos pequenos acionistas para investirem no BES, dias antes do seu colapso: "Chega a ser patético verificar a dificuldade que (escolher entre o governador do Banco de Portugal, o primeiro-ministro ou o Presidente da República) tem em assumir que errou, que foi preguiçoso, que não leu, que não estudou..."
Sobre as gaffes permanentes de Rui Machete posso comentar, sem esforço e factual: "Chega a ser patético verificar a dificuldade que o ministro dos Negócios Estrangeiros tem em assumir que errou..." e por aí fora.
Quanto a estas críticas de Passos, eu, jornalista mandrião, constato: "Chega a ser patético verificar a dificuldade que o primeiro-ministro tem em assumir que errou, que foi preguiçoso, que não leu, que não estudou, que não comparou, que não se interessou a não ser em causar uma boa impressão."

(...)»
(Pedro Tadeu; "Uma cábula de Passos para jornalistas preguiçosos"; na íntegra: aqui.)

1 comentário:

Anónimo disse...

Chicamigo

Que texto fabulástico!!!!!!. Tenho que palmar, ups, bater palmas ao Tadeu e a tu (não gosto de ti, ups, do ti).

Eu nem sequer pensaria em fazer um texto como este! Isto porque assumo: sou preguiçoso, orgulhoso e chego a ser mentiroso e patético Vivó Tadeu! vivó tu!

Abç