Antecipo que estou a escrever sobre Passos Coelho, mas poderia escrever o mesmo em relação ao seu parceiro de coligação, o irrevogável-mas-pouco Paulo Portas.
Ainda ontem, escrevi neste espaço que a prática deste governo, ao longo de toda a legislatura, tem sido um continuum de mentiras, prática que a comunicação social e, em certa medida, até as forças políticas têm deixado passar sem reparo de maior.
Palavras ainda mal eram escritas e já Passos Coelho nos estava a brindar com um dos seus habituais "números" de vendedor de banha da cobra. Nada que seja motivo para admiração, dir-se-á, pois está mais que visto que a mentira faz parte do seu ADN. Todavia, desta vez, o número" não passou despercebido, pelo menos aos olhos do "Público" que, numa só fala do "artista", detectou, não uma, mas duas redondas mentiras.
Na "fala" a que me reporto Passos Coelho, em discurso proferido em Guimarães num jantar da coligação PPD-PSD/CDS-PP, recentemente renovada, afirmou: “Conseguimos também que o país pudesse ter em 2015 (...) um défice inferior a 3% do PIB. É a primeira vez desde que nós integrámos a moeda única, desde que existe a moeda única, que Portugal vai ter menos de 3% de défice. Mas deixem-me dizer-vos, é também a primeira vez que vamos ter défice abaixo de 3% desde que temos um Portugal democrático.”
Primeira falsidade: o governo de Passos, em relação ao défice de 2015, ainda não conseguiu, obviamente, coisíssima nenhuma e não falta quem preveja que não vai conseguir aquele objectivo, a começar pela Comissão Europeia. Consiga ou não, mentira é ter conseguido: não consegui. Mas adiante...
Segunda falsidade: escreve o "Público" que o "défice abaixo dos 3% já foi alcançado, não uma mas sete vezes".
Sete vezes, repito eu, para que fique bem clara a desfaçatez do sujeito.
É claro que fazendo a mentira parte do ADN do próprio e da coligação, não é de esperar que Passos e o seu parceiro venham, alguma vez, a optar por falar verdade. Toda a esperança nesse sentido será vã, mas não é impossível que o exemplo do "Público" possa vir a ser replicado noutros órgãos de comunicação social. Pelo menos faço votos para que assim seja, porque tal é, antes de tudo o mais, uma exigência de um regime democrático digno desse nome.
Se a mentira sistemática destes farsantes for também sistematicamente questionada e posta em causa, maior será a probabilidade de a troika caseira ser derrotada nas urnas. A restauração da esperança e da confiança neste país que, ao longo destes quatro anos, foi sendo destruído, depende dessa derrota. Assim tenhamos todos consciência disso.
Todos ou, pelo menos, uma ampla maioria.
1 comentário:
Passos é tão compulsivamente aldrabão, que já nem consegue distinguir quando mente ou diz a verdade.
Enviar um comentário