segunda-feira, 7 de setembro de 2015

BES: já alguém pintou a cara de vergonha?


Como se pode concluir pela leitura do extracto da crónica de João Vieira Pereira que a imagem supra reproduz, publicada no Caderno de Economia do Expresso de sábado passado, já nem os mais esforçados defensores das teses da direita, onde se inclui o citado cronista, acreditam que a decisão tomada na sequência da crise que afectou o BES tenha sido a aconselhável.
Atendendo aos argumentos que aduz, não custa concluir que, no caso, a razão lhe assiste, por inteiro. A resolução foi a pior solução, escreve, tese que não me custa acolher, tal como subscrevo a afirmação de que a recapitalização, antecedida, acrescento eu, do afastamento da administração Salgado, teria sido a solução adequada para a crise do banco.
O parágrafo final da crónica suscita-me, no entanto, alguma perplexidade. Maria Luís Albuquerque é, sem dúvida, uma das pessoas responsáveis pela opção tomada que, sabe-se já hoje sem margem para dúvidas, vai sair cara aos portugueses (e ainda não sabemos da missa a metade). Mas não é a única. Passos Coelho, como é óbvio, é, como primeiro-ministro, o principal responsável e Portas, como vice-primeiro-ministro. vem logo a seguir. E nem Cavaco está livre de responsabilidades. Não promulgou ele o diploma feito à pressa indispensável à tomada da decisão sobre a resolução?
Segundo o cronista, Maria Luís Albuquerque devia pintar a cara de vergonha. E por que razão, Passos Coelho, Portas e Cavaco não são chamados na crónica a assumirem as suas responsabilidades?
Será porque na direita, que há mais de quatro anos vem destruindo o país, já não há ninguém com vergonha na cara?
PS. Não menciono Carlos Costa, porque, sendo embora o executor, não foi mais que um pau-mandado e só esse facto já é motivo mais que suficiente para se sentir envergonhado. Já não precisa de pintar a cara.

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