quinta-feira, 28 de maio de 2009

Um erro

Forçado ou não pelas circunstâncias, mas factualmente na sequência das declarações de Oliveira e Costa prestadas durante a sua audição na Comissão Parlamentar de Inquérito, o pedido de demissão de Dias Loureiro de membro do Conselho de Estado vai certamente causar alguns estragos na imagem do Presidente da República(PR). Não porque se considere que o PR tenha qualquer envolvimento no caso BPN (hipótese que rejeito, em absoluto), mas porque deixou arrastar a "novela da demissão" muito para além do admissível. Dir-se-á (e ele afirma-o) que o PR, não tendo "qualquer informação fornecida por quem deve informar o Presidente naquilo que é relevante para o exercício das suas funções" que lhe permitisse "distinguir um conselheiro em relação aos seus pares", não poderia ter outra atitude. Não penso assim. Sem pôr em causa as afirmações do PR e não pretendendo fazer julgamentos antecipados, a verdade é que Dias Loureiro, com as suas intervenções na comunicação social e no Parlamento sobre o caso BPN, criou na opinião pública, a imagem de uma personalidade inconsistente (para não ir mais longe) personalidade que não é, seguramente, compatível com a ocupação do alto cargo de conselheiro de Estado. E nem sequer é preciso vir eu a dizê-lo. Várias foram as vozes a pronunciar-se nesse sentido, vindas de alguns dos seus pares no Conselho de Estado e de alguns dos seus companheiros de partido. Nestas circunstâncias, a permanência de Dias Loureiro no Conselho de Estado constituía um claro incómodo para uns e para outros e, por certo, não contribuiu para a dignificação das instituições da República. Que o PR não se tenha apercebido de tal facto e tenha, ao invés, continuado a reafirmar a sua confiança em Dias Loureiro, constitui um erro grave de análise que prova que quem de si afirma que nunca se engana e raramente tem dúvidas é, afinal, tão atreito a erros como qualquer outro mortal. O cultivado mito da "infalibilidade" agora "presidencial" cai assim por terra, mesmo para quem em tal mito alguma vez quis acreditar. Confesso que não é o meu caso, pois julgo mesmo que quem raramente tem dúvidas, tem mais probabilidade de errar. A dúvida metódica é uma boa conselheira.

1 comentário:

capitolina disse...

E aquela astúcia de passar a mensagem de que se demitiu para que se não pensasse que estava a ter qualquer protecção do Conselho de Estado, apreciaram?
Mas os bacocos jornalistas cá do burgo aceitaram a explicação como fiável e hoje fartaram-se de a repetir...
Deuses ,quando mudará certa gente deste país que tb é meu?