Segundo vários dirigentes do PSD (Miguel Relvas deu o tom e ainda ontem Miguel Macedo, no discurso sobre o Estado da Nação, leu pela mesma pauta) o PS vive numa onda de desespero perante as sondagens que ultimamente se mostram favoráveis ao PSD. Segundo eles, só o desespero justifica as críticas às posições tomadas por Pedro Passos Coelho a respeito do veto do Governo ao negócio da VIVO e, em particular, às suas declarações durante a sua recente deslocação a Espanha, declarações que, segundo Vitalino Canas, representaram um "ajoelhar perante os interesses espanhóis".
Interessante é constatar que a onda já terá ultrapassado as praias do PS, pois também atingiu uma Paula Teixeira da Cruz, (vice-presidente da Comissão Política Nacional do PSD que apoiou o veto ao negócio por parte do Governo) e um Marcelo Rebelo de Sousa (ex-líder do PSD) que, não poupando nas palavras, considerou que Passos Coelho andou "francamente mal em Espanha. [...] dando a sensação de querer ‘amanteigar’ os espanhóis" (Fonte).
Fico, entretanto, na dúvida sobre se a crítica mais certeira é o "ajoelhar", se o "amanteigar". O Relvas e o Macedo que decidam e já agora que se ponham a pau com a onda, não vá ela derrubar mais uns quantos.
Mudando de tom e para ser franco devo dizer que não vi sinais de desespero no discurso ontem proferido pelo primeiro-ministro no debate sobre o Estado da Nação. Vi sim a vontade de prosseguir no caminho das realizações e das reformas e a ambição de, dentro de dez anos: ter o território nacional integralmente coberto pela banda larga; ter 30% da energia consumida a ser proveniente de fontes renováveis; ter o país a investir 3% do PIB anualmente em investigação e desenvolvimento; e aumentar as exportações nacionais para 40% do PIB do País (Fonte). Quem tem uma tal ambição, não está desesperado, nem preparado para desistir. Está é pronto para recomeçar e continuar.
Continuando com igual franqueza, direi que desespero vejo eu nas hostes do PSD (do CDS nem falo, porque, sobre o seu desespero, disse ontem Paulo Portas tudo o que havia a dizer, no debate sobre o Estado da Nação). De facto, as hostes do PSD vivem entre a ânsia de "abocanhar" o poder (para utilizar a expressão da deputada Heloísa Apolónia, que não é santa da minha devoção, mas que, neste passo, utilizou um termo bem feliz) e a incerteza de o alcançar. Sim, porque vencer as próximas legislativas, não são favas contadas e as hostes sabem-no. E mais: se virmos bem, a verdade é que nem sequer está nas suas mãos a hora de ir a votos. Sozinhos não vão lá. Helas !
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