Mesmo que os sucessivos "ameaços" de Pedro Passos Coelho (PPC) em matéria de revisão da Constituição da República possam ser considerados como uma forma de "esconder a agenda ultraliberal que tem para aplicar caso chegue ao poder", (o que não me custa a crer) a verdade é que mesmo assim, a razão da insistência de PPC no tema constitui um verdadeiro "mistério".
De facto, Passos Coelho sabe que a revisão constitucional não é considerada necessária (e muito menos urgente), não só pelas restantes forças partidárias, como pela maioria dos constitucionalistas (com Jorge Miranda à cabeça), como sabe também que as propostas que tem avançado no sentido de conferir à Constituição uma feição mais liberal não têm hipóteses de ser aceites pelas forças políticas à sua esquerda e que a última (sobre o reforço dos poderes presidenciais) menos hipóteses tem ainda de algum dia vir a ter acolhimento no texto constitucional, pois não são apenas os partidos à esquerda que se lhe opõem, já que conta também com a oposição do CDS e nem sequer é pacífica no interior do PSD, pois, como salienta Santana Lopes, vai contra a história do partido.
O "mistério" resolver-se-ia, se se admitisse que o "jovem" PPC e a sua equipa pensam ser possível obter, em futuras legislativas, uma maioria de dois terços que lhe permitiria fazer a revisão como bem lhes aprouvesse.
Só que admitir uma tal hipóteses seria reconhecer que PPC e a sua equipa nem sequer teriam condições para jogar numa equipa de juvenis. O seu lugar seria, sim, numa equipa de infantis.
Faço-lhes o favor de não ir tão longe. Por isso, pedi a intervenção do Sherlock Holmes. Para resolver o "mistério".
3 comentários:
Infelizmente não chega, prás necessidades. Talvez o Louis de Founés... ou a Pantera cor-de-rosa...
Isto está a ficar hilariante!
Caro Francisco Clamote,
Fiz link para "A Carta a Garcia".
Obrigado,
Abraço,
Osvaldo Castro
Lider da oposição também está sujeito ao chamado «estado de graça» ? Se sim já passou.
A partir de agora Passos Coelho será sujeito a pelo menos um ano de desgaste, e, então se verá, o custo para o PSD do abandono da matriz social-democrata e se este «líder» não é a mais perigosa aposta para o partido e para o país.
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