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O último governo do PS foi o de Sócrates. O qual particularmente se empenhou em afrontar os problemas e fragilidades fatais de que Portugal padece, há muitos anos. A vida de todos nós depende disso. Mas logo foi acrescentado que fez tudo isso à bruta, com demoníaca sobranceria, pondo em desnecessário risco a democracia, essa coitada. O marquês de Pombal foi um notável governante, no século que lhe coube. Mas nós nem sequer nos questionamos sobre o que poderia ele ter feito, sem trucidar à partida a arrogância dos Távoras, sem incendiar previamente a escuridão da noite jesuíta. Limitamo-nos a pensar que o marquês era uma besta, ou ouvimos dizer isso e ficámos calados. Por cobardia pura, ou por ignorância crassa . Ora vejamos:
Na Saúde, Sócrates prosseguiu o SNS, saído das mãos do ministro Arnaut. Na Segurança Social, com Vieira da Silva, incrementou a protecção social, sem a qual metade dos portugueses caem de imediato na penúria mais crassa. Na Educação, com a ministra Lurdes Rodrigues, melhorou a escola pública, renovou instalações, criou oportunidades para adultos, introduziu línguas e tecnologias. E queria avaliar os professores, um quarto dos quais não possui capacidade nem conhecimentos para ser profissional do ensino. Aí entrou em cena o tribuno Nogueira, que desceu a avenida à frente das suas legiões, e retirou 300 mil votos ao PS em 2009. Mas o comité central conquistou cinco pontos eleitorais, é do que vive. Na Ciência, com Mariano Gago, a universidade portuguesa atingiu reconhecidos patamares de excelência, com efeitos que ainda sobrevivem. NaJustiça afrontou interesses corporativos das eminências da beca, e suportou-lhes por isso o azedume da bílis. Na Economia abriu campos de acção, nas viaturas eléctricas, nas energias renováveis, nas indispensáveis infra-estruturas, nas novas tecnologias. NasFinanças tinha recebido, em 2005, um défice de 7% e uma dívida de cerca de 90% do PIB. Em 2007 o défice estava em 2,9%.
Em 2008 chegou da América a sarna do subprime. Seguindo as instruções da União Europeia, esse ninho de elites traiçoeiras, Sócrates abriu os cordões à bolsa para responder à crise. Aumentou o investimento público e o défice voltou a subir. Em 2010, perante a queda da Grécia e da Irlanda, perante isso da austeridade e o acosso das agências de rating, Sócrates apresentou o PEC IV. O resto é bem conhecido.
Diga-se então clarinho, para se perceber bem: Sócrates foi o melhor primeiro-ministro que Portugal conheceu, na era democrática. Foi longamente acossado e ainda hoje é homiziado pela oligarquia alarve, pelos seus lacaios avençados, e pela estupidez atávica dos portugueses, cujo fadário é serem os cafres da Europa. Agora desesperam muitos, mas só podem contar consigo próprios.»
(Jorge Carvalheira. Na íntegra: aqui. Destaques meus)
5 comentários:
Chicamigo
Concordo absolutamente com o que o autor diz, mas quero, apenas, acrescentar que se quiser fazer uma apreciação honesta, tenho de dizer que entre as coisas boas e algumas menos boas e até más, o saldo foi positivíssimo.
Abç
Subscrevo cada palavra! Mas este povo clerical e obtuso não quer nada disso! Quer ter do que se queixar. Já com o Salazar foi assim... Cambada de abstrusos!!
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~ ~ Concordo com o nosso amigo Henrique.
~ ~ Votos de uma semana animada e plena de boa disposição e sucesso.
Sabes a minha opinião sobre Sócrates. No entanto, não me custa nada reconhecer que o balanço do seu governo foi positivo.
Grande post. Viva o Sócrates, sempre, contra a manipulação do povo pelos ricaços donos de quase tudo. Abaixo, já e definitivamente este (des)governo de bandidos chefiados pela cavacóide criatura, a mais sonsa, hipócrita e corrupta, imagine-se, eleita já 4 vezes para os mais elevados cargos públicos!?!? Povinho, acorda de vez e põe estes gangsters do PSD/CDS e seus aliados do PCP e BE, na ordem!
MCTorres
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