segunda-feira, 20 de outubro de 2014

" O algodão não engana"


Se na sociedade portuguesa existe, nos dias que correm, algum consenso,  é o que vai no sentido da defesa da realização de eleições legislativas, no segundo trimestre do próximo ano, consenso que é partilhado não apenas por todos os partidos da oposição, mas também por variadíssimas personalidades e entidades conotadas com a direita e que se explica, antes de mais, por considerações de bom senso. Com efeito, sabe-se hoje que o país só disporá de um orçamento aprovado e em condições de entrar em vigor no início de 2016, se as eleições legislativas forem realizadas antecipadamente, não havendo qualquer dúvida de que o interesse nacional reclama que assim suceda.
Tal consenso só não é partilhado por Passos Coelho e pelos seus "rapazes", por razões mais que óbvias e é, por outro lado, certo que se desconhece qual a posição de Cavaco Silva que é, nem mais nem menos, a entidade que pode tomar a decisão sobre o assunto.
Embora se não conheça a opinião de Cavaco sobre o tema, sabe-se, todavia, que faz parte da retórica do seu discurso a invocação do "superior interesse nacional" para justificar a sua actuação como presidente da República.
Não havendo, neste caso, atento o consenso generalizado, dúvidas sobre qual a decisão conforme com o interesse nacional, que, já vimos, vai no sentido da realização antecipada das eleições, é óbvio que Cavaco tem à sua frente um teste que tirará qualquer dúvida sobre o que ele entende por "superior interesse nacional".
De facto, se Cavaco não tomar qualquer iniciativa no sentido da realização antecipada das eleições, ficaremos a saber, sem margem para dúvidas, que, para Cavaco, o "superior interesse nacional" se confunde, ou com o seu interesse pessoal, ou com o interesse do seus correligionários. Com o interesse nacional propriamente dito é que nada tem a ver. Em "abono" de Cavaco sempre se poderá dizer que "simples interesse nacional" não é exactamente a mesma coisa que "superior interesse nacional".
Ironia à parte, repito que margem para dúvidas é que não há, porque se trata de um teste do tipo "o algodão não engana".
Não antecipo qual virá a ser a decisão de Cavaco perante este teste, a que ele não tem maneira de escapar, mas atrevo-me a adiantar que o teste é também a última oportunidade ao seu dispor para evitar que a sua saída do palácio de Belém se faça pela porta dos fundos.

3 comentários:

Majo disse...

~
~ ~ Concordo integralmente com a sua exposição, Francisco.

~ ~ ~ ~ Agradáveis passeios. ~ ~ ~ ~

Anónimo disse...

Chicamigo

Pela porta das traseiras ou dos fundos para o Imóvel de Belém é no "interesse dele nacional" pois não me consta que se tenha naturalizado; aliás se assim o tivesse tendo, ninguém o quereria aceitar...

Cavaco Silva o dos sorrisos de felicidade das vacas açorianas, o das cagarras (aqui também é Portugal) o sôr Silva do Jardim, não presta, ponto.

Para muito boa gente é o maior culpado da desgraça em que Portugal se encontra (eu também penso assim e digo-o); e faz parte do gangue laranja.

Donde, eleições antecipadas, lagarto, lagarto, lagarto, nem pó. Por isso vai sair de Belém (onde nunca devia ter entrado) de "helicoptero" ou "helicoptera" para não ser massacrado pelo Povo. E só se a Senhora de Fátima - a rogo da Dona Maria - o ajudar...

Abç


Anónimo disse...

O Cavaco faz o que o Coelho mandar e hoje o ainda pm foi muito claro: não haverá eleições antecipadas.
Mais caricato ainda é ter respondido a um jornalista que, no caso de ser outro partido a formar governo, pode sempre fazer um orçamento rectificativo. Só por isso, merecia ser imediatamente demitido. Só que Cavaco não quer contrariá-lo , ou não pode...