terça-feira, 29 de julho de 2008

Em que ficamos ?

De acordo com o DN Online , "os custos com a remuneração base da gestão das empresas públicas revelam uma subida da ordem dos 30% em relação aos encargos pagos aos conselhos de administração de 78 empresas públicas em 2006".
Entretanto, o secretário de Estado do Tesouro e Finanças, Carlos Costa Pina, negou hoje que os salários dos gestores públicos tenham aumentado, considerando mesmo que a remuneração média por administração desceu de 2006 para 2007, acrescentando que se trata de valores não comparáveis: "Num caso estava em causa a remuneração global e no outro a remuneração num sentido mais limitado”. Esclareceu ainda que a remuneração global média por administração se reduziu "um por cento de 2007 face a 2006 de 449 mil para 445 mil euros por conselho de administração".
Aqui temos mais um caso de informação sem rigor e, pior que isso, não verdadeira, a crer nas afirmações do secretário de Estado. A informação, no entanto, vai fazendo o seu caminho e presta-se a mais um exercício de maledicência e de inveja em que somos peritos. Só que, desta vez, até pelos dados fornecidos pelo DN Online, se chega à conclusão de que, bem vistas as coisas, não há razão para a inveja patenteada por tanto comentário que por aí se lê. Senão vejamos: O próprio DN Online adianta que cada gestão custou 349 mil euros em 2007, o que significa que, se considerarmos que, em média, cada administração é composta por cinco membros (média calculada com base no facto de o número de administradores por empresa ir de 3 a 11 membros), cada administrador terá recebido cerca de 69.800 €, importância que é inferior à que se recebe nalguns sectores da função pública, no nível mais alto das respectivas carreiras.
Direi mesmo que, face a tais números e considerando o que se paga aos gestores no sector privado, (lembro-me dos milhões pagos aos gestores do BCP e este banco não é, seguramente, caso único) sou levado a concluir que das duas uma: ou os gestores que aceitam ser remunerados a este nível são fracos gestores, ou então têm uma noção muito elevada de serviço público. É que, em qualquer empresa do sector privado, teriam possibilidade de auferir remunerações muitas vezes superiores.

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