Apesar do título pomposo, não espere o leitor um ensaio sobre o tema da cobardia que, para tanto, me falta talento e pachorra. Trago aqui uma simples constatação de factos:
1. A direita portuguesa (alavancada pela comunicação social que ela domina, na quase totalidade, embora nos queiram fazer crer o contrário) de par (em tom mais moderado) com a esquerda dos amanhãs que cantam (PCP) e com a esquerda caviar (BE) proclama que a credibilidade do primeiro-ministro desceu a um nível insuportável e indesejável. O tema é, agora, glosado, em diversos registos, a propósito das escutas no caso "Face Oculta", mas é recorrente, como se viu ao longo da última legislatura e durante a última campanha eleitoral, onde, para fazer o contraponto, a líder do maior partido da direita, se apresentou, "modestamente" como dona da "Verdade". Sem grande proveito, como é sabido.
2. O PS já manifestou, a várias vozes, que José Sócrates não é descartável e que o partido nem sequer considera como mera hipótese a sugestão vinda da direita no sentido da demissão do primeiro ministro. Outra coisa não era, aliás, de esperar, por todas as razões e mais uma, a começar pelo facto de que provas não há. Espanta até que alguém se tivesse lembrado de uma ideia tão peregrina.
Perante estes factos, se as alegações sobre a credibilidade do primeiro-ministro são para ser levadas a sério, a coligação negativa formada na Assembleia da República pelo PSD, CDS, PCP e BE (em condições de se transformar em nova maioria, pela via do "compromisso histórico" à moda do "capo" madeirense) só não avançará com a moção de censura para derrubar o Governo, por pura cobardia.
Digo cobardia, porque não tirar as consequências de tão grave acusação, só pode ficar a dever-se a medo, pois, num caso destes, não valem considerações de mera oportunidade, como as avançadas, há tempos, pelo Professor Marcelo, numa das suas (agora saudosas) prédicas dominicais. Que, de resto, não colhem, pois, estando em causa a credibilidade, esta tão relevante seria a nível interno, como externo, plano este que serve de argumento ao Professor para defender a manutenção do Governo. Se bem compreendo a prédica, tal significa que, no entender de Marcelo, a imagem do primeiro-ministro, pelo menos no exterior, não está afectada, pesem embora os esforços da triste figura de Paulo Rangel a pregar para as moscas no Parlamento Europeu.
Nem no exterior, nem no interior, acrescento eu, a julgar pelos resultados da última sondagem conhecida. Se as oposições entendem o contrário e quiserem ser levadas a sério, deverão proceder em conformidade, que para isso têm o pão e o queijo na mão. Esta não pode servir só para atirar pedras. A sua credibilidade passa por aqui.
1 comentário:
A cobardia aqui chama-se -resultados das sondagens -... como deve custar àquela gente constatar mês após mês, que os eleitores não lhes ligam pevide.
Quanto ao Sócrates não se demitir, espero bem que não o faça. Em primeiro lugar porque isso seria o triunfo dos porcos e depois porque isso seria de muito mau agoiro para futuros 1ºs ministros do PS, ou até simples candidatos a PM pelo PS. Passo a explicar.
O golpe de estado tentado pela camarilha PSD/Magistrados/Juízes/Polícias/Comunicação Social, resulta simplesmente do facto daqueles facínoras já terem tido sucesso anteriormente:
- Levaram à demissão de Guterres, que nas suas palavras preferiu fugir do pântano". Fez mal, digo eu...
- Assassinaram politicamente Ferro Rodrigues, secretário geral do PS e candidato a PM, através de calúnias miseráveis e colando-o ao caso "Casa Pia".
Tentaram logo em 2005 fazer o mesmo a Sócrates, com o caso Freeport. Não resultou mas não desistiram e as tácticas terroristas mantêm-se até hoje.
É preciso que alguém (Sócrates) resista, e que demonstre àquela escumalha de golpistas pela 1ª vez (!!!), que aqueles golpes podem ser derrotados. Só assim futuros lideres do PS estarão a salvo de campanhas de assassinato de carácter.
Talvez se Guterres não tivesse desistido e tivesse dado luta à escumalha, como era aliás seu dever, talvez assim Ferro Rodrigues não tivesse o destino que teve e Socrates não tivesse de enfrentar todas estas campanhas.
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